Shiva vive há mais de dois
anos em centro de triagem do Ibama.
Como não sabe caçar, não pode voltar à
natureza.
A onça-parda Shiva, que foi notícia neste portal porque desde pequena
vive de forma provisória no centro de triagem animais silvestres do Ibama em Manaus vai finalmente
ganhar um lugar definitivo para viver.
Shiva, um macho de dois anos e meio, não pode ser
devolvido à natureza porque foi encontrado sem a mãe ainda filhote e nunca
aprendeu a caçar. Ao mesmo tempo, como por lei só pode viver em criadouros
autorizados, até agora o órgão ambiental não havia conseguido dar uma
destinação ao animal, pois seu transporte e manutenção são muito caros. Por
isso, há mais de dois anos está num recinto de alvenaria em Manaus, à espera
de acomodação.
Após ler a reportagem do Globo Amazônia, um empresário de São Paulo decidiu
financiar a construção de um recinto de cem metros quadrados para Shiva no criadouro conservacionista Nex,
ONG que cuida de outros dez felinos selvagens em Corumbá de Goiás (GO), a
cerca de
de Brasília.
“Atualmente abrigamos dez onças – seis pintadas e
quatro suçuaranas – duas jaguatiricas e um gato-maracajá. Gostaríamos de
receber todos os felinos, mas priorizamos aqueles que estejam há mais tempo
submetidos a situações extremas, que mal têm espaço para se movimentar, que
estejam passando privações alimentares e outras barbaridades das quais somos
testemunhas”, explica a presidente do Nex, Cristina
Gianni.
“Tive um contato pessoal com Shiva
vou esquecer que ele colocou a pata para fora das grades, no meu ombro, como
se dissesse: ‘me leva, me tira daqui!’ Ele é manso, dócil, extremamente
humanizado e completamente indefeso”, relata Cristina. “Na época, não
tínhamos um recinto pronto para recebê-lo e isso me deixou triste,
conservando sempre a lembrança daquele apelo. Mas qual sonho verdadeiro não
se realiza?”, questiona a criadora de onças.
Segundo a presidente do Nex, a construção do espaço
para receber a onça-parda deve demorar mais 50 dias. O custo ficará entre R$
15 mil e R$ 17 mil.
O empresário paulista não quer ser identificado, mas, por intermédio de
Cristina, enviou uma mensagem explicando porque resolveu fazer a doação: “Ajudar
um animal como uma onça que vive nessas condições – sem ver a luz do sol ou
pisar na terra – é ajudar um símbolo de nossa natureza que não fez nada de
errado para viver assim. É ajudar alguém que nem voz tem para pedir ajuda. É
ter a certeza de que crianças a verão mais feliz na sede do Nex."
O Ibama de Manaus informa
que agora está empenhado em encontrar uma forma de viabilizar o transporte
aéreo da onça do Amazonas a Brasília. Além do gasto inicial para o recinto, Shiva vai necessitar de pelos menos o equivalente a R$
450 por mês
carne. Cristina Gianni
consegue o alimento dos animais que cria por meio de doações intermediadas
pelo Ministério Público, com quem tem parceria.
Fonte: G1, acesso em
07/08/2009