Dentro do conceito de Saúde Única, a contribuição de médicas-veterinárias e zootecnistas na pesquisa científica é ainda mais relevante. As profissionais podem auxiliar em muitas frentes, trabalhando em projetos não somente na saúde animal, mas também na Medicina Humana, especialmente na saúde pública.
“Da clínica ao estudo de zoonoses, doenças infecciosas, epidemiologia ou trabalhando na fiscalização em diferentes entidades, elas estão inseridas de alguma forma no conceito de Saúde Única, pois atuam para manter e/ou restabelecer tanto a vida animal como a humana”, enfatiza a médica-veterinária Maristela Vasconcellos Cardoso, pesquisadora do Laboratório de Doenças Bacterianas da Reprodução, do Instituto Biológico (IB-Apta).
Curiosa por natureza, Lenira El Faro Zadra cursou Zootecnia na FMVZ-USP, fez mestrado em Melhoramento Genético Animal, na Unesp Jaboticabal, e atualmente é pesquisadora científica e professora credenciada do curso de pós-graduação em Produção Animal Sustentável do IZ, em Sertãozinho.
A pesquisadora destaca a importância da Zootecnia como importante pilar da sociedade, na busca pela melhoria na produção e bem-estar animal e preservação do ambiente. “As zootecnistas podem contribuir com alimentos mais saudáveis, colaborando para com a sustentabilidade dos sistemas de produção frente às necessidades do mercado consumidor.”
O toque feminino
Ser mulher, normalmente, é ter uma rotina atribulada, repleta de diferentes responsabilidades, tanto profissionais quanto pessoais, e mesmo com dezenas de tarefas diárias, ela consegue resolver tudo com sucesso. Mas será que essa facilidade em “assoviar e chupar cana” também a credencia a se destacar na pesquisa científica?
Maristela lembra que é comprovado cientificamente que a mulher é beneficiada em trabalhos conjuntos e simultâneos do cérebro, “o que resulta em visão sistêmica de diferentes temas, capacidade de cognição, argumentação, criatividade, planejamento, atuação e características importantes na atuação científica”, afirma a pesquisadora que é mestre microbiologia e doutora em reprodução animal, ambos pela FMVZ-USP.
Perseverança
Dedicação e comprometimento, segundo Rosemary Viola Bosch, conselheira e presidente da Comissão de Responsabilidade Técnica (CTR), do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRMV-SP), , são as principais características da mulher.
“Ela consegue dirigir um laboratório, sua casa, dar aula, fazer várias coisas ao mesmo tempo e fazer bem. Além da perseverança. A rotina da pesquisadora é fazer, fazer e fazer, quantas vezes for necessário”, ressalta a presidente da CRT, do CRMV-SP.
Papel de destaque
Lenira lembra ainda que, hoje, muitas mulheres são chefes de institutos de pesquisa e aparecem em número maior que os homens entre os ingressantes de pós-graduação. Segundo ela, a mulher desempenhará um papel cada vez mais importante na pesquisa científica no Brasil.
“A capacidade de desenvolver várias atividades conjuntas, além da dedicação, persistência e resiliência tornam a atuação da mulher diferenciada em vários setores produtivos, principalmente, na pesquisa científica, que exige muita dedicação em longo prazo, com um retorno financeiro, muitas vezes, aquém do desejado”, conclui.