Crédito, contrato futuro e produtividade ampliam gado bovino

Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostra os fatores que ajudaram na expansão da pecuária bovina no Brasil. De acordo com o estudo do pesquisador Waldemiro Alcantara da Silva Neto, o avanço se deve, entre outros fatores, ao uso de novos instrumentos de mercado, como a Cédula de Produto Rural (CPR), facilidades de crédito, uso de contratos futuros que asseguram menor risco de preço e ganhos de produtividade conseguidos com novas técnicas de manejo e melhoramento genético. O trabalho foi desenvolvido com orientação da professora Mirian Rumenos Piedade Bacchi, no programa de doutorado em Economia Aplicada.

Entre os anos de 1945 e 2008, o rebanho bovino cresceu em média 2,37% ao ano, índice superior à taxa de crescimento da população brasileira. Considerando o período analisado pela pesquisa, de 1994 a 2009, o efetivo do rebanho subiu de 155 milhões de cabeças no primeiro trimestre de 1994 para mais de 200 milhões de cabeças em 2009, tanto de gado leiteiro quanto de corte. “Em 2004, o Brasil superou a Austrália como maior exportador de carne no mundo. O volume de exportações chegou a dois milhões de toneladas em 2007, mas caiu para 1,8 milhão em 2009, como reflexo da retração do rebanho desde 2005 e da queda das exportações a partir de 2008”, diz a professora.

Por meio de um modelo econométrico, a pesquisa fez a análise qualitativa dos fatores que influenciaram a expansão da pecuária bovina. O uso de crédito rural teve correlação positiva com o aumento da produção, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. “O uso de instrumentos de mercado, como a CPR, ajudaram a propiciar recursos para a expansão”, aponta Mirian. A CPR é um título usado na captação de investimentos para financiar a produção. “O crescimento significativo dos contratos futuros na BM&F Boi Gordo minimizaram os níveis de preço, assegurando menos riscos aos produtores e favorecendo o crescimento da pecuária”.

O modelo também considerou a influência de variáveis como produção, estoque de animais, produtividade, preços ao produtor e ao consumidor, renda e exportações por meio da técnica de autoregressão vetorial. “Os ganhos de produtividade indicados pelo maior peso das carcaças elevam contemporaneamente a produção e se refletem em maiores excedentes, causando um impacto positivo nas exportações. Com a produção crescente, o maior valor acumulado se concentra no terceiro trimestre de cada ano”, conta a orientadora da pesquisa.

Estoques

Os aumentos de estoque em curto prazo têm efeito negativo na produção e na exportação. “Os estoques aumentam devido a uma expectativa de preços mais favoráveis em um futuro próximo, funcionando como uma espécie de reserva de valor. Com a redução do abate, diminui o volume da produção e ao mesmo tempo se reduzem as importações”, diz a professora da Esalq.

Inicialmente, imaginava-se que o aumento dos preços da carne no varejo, por reduzir o consumo, favoreceria as exportações, devido à maior disponibilidade do produto. “No entanto, o efeito verificado é negativo. Preço elevado para o consumidor pode ser um sinal de escassez, o que leva as exportações a caírem”, ressalta Mirian. Ao mesmo tempo, um sistema de arbitragem, tendo em vista melhores preços no mercado internacional, pode levar a um aumento da exportação em curto prazo.

O crescimento da produtividade tem relação direta com a expansão da pecuária, e pode estar relacionada às práticas de criação, em que há utilização crescente dos sistemas de confinamento e semiconfinamento. “Estas técnicas proporcionam maior controle dos rebanhos e ganho de peso”, diz a professora. “Ao mesmo tempo, reduzem o uso da terra e diminuem as pressões de desmatamento”.

A professora lembra que o maior crescimento do rebanho acontece na região Norte do Brasil, o que aponta a necessidade de uma expansão mais controlada. “Isso pode ser feito com a ampliação do uso do semiconfinamento e do confinamento e a restrição a outras práticas de manejo do gado. A maior produção conseguida com um menor número de animais também pode influir na emissão de gases do efeito estufa”, diz ela. A pesquisa foi realizada no Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea) da Esalq.

Fonte: O Repórter (acessado em 21/07/2011)

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