TALITA BEDINELLI
da Folha de S.Paulo
A nuvem de pombos
sobrevoa as casas de uma pequena rua no bairro do Jabaquara (zona sul de São
Paulo).
Os que olham do chão não conseguem perceber, mas aquelas aves que fazem belas
coreografias ritmadas no céu são, na verdade, pombos-correio. Alguns são
campeões brasileiros e paulistas, capazes de voar a uma velocidade de até
permitido a automóveis em grande parte das rodovias brasileiras).
A velocidade foi adquirida por meio de muito treino, orquestrado diariamente
pelo aposentado Félix Ângelo Buonafine, 76, um columbófilo (criador de
pombos-correio) há 46 anos. No quintal de sua casa, ele possui 120.
Os pombos-correio são treinados para competições, que acontecem todos os anos
em todas as partes do Brasil. Como essas aves têm a habilidade instintiva de
retornar para casa, de onde quer que estejam, as provas consistem em
soltá-las cada vez mais longe do criadouro e calcular qual faz o trajeto de
volta em menos tempo. Na última competição deste ano, em setembro, elas terão
que percorrer
em um dia.
A columbofilia é um hobby que reúne cada vez menos praticantes
existem cerca de 80 criadores de pombos-correio na cidade, segundo o
aposentado Buonafine, que faz parte da diretoria da Federação Paulista de
Columbofilia. Quando ele começou a coleção, em 1963, eram 200.
No Estado, hoje são 500, diz. E, no país, 3.000 estima a Federação Columbófila
Brasileira.
Para o columbófilo do Jabaquara, o principal motivo para o desinteresse de
novos praticantes é a falta de espaço na cidade: o pombal dele, por exemplo,
ocupa uma área de
metros quadrados
paulistanos, que vivem
Para
recebem uma alimentação adequada: uma mistura de milho, sorgo, cevada e
feijão. O ambiente em que elas vivem também tem que ser limpo diariamente e,
uma vez por semana, o pombal é pulverizado com uma solução desinfetante. Como
as aves podem ter contato com pombos de vida livre, durante as provas e os
treinos, os cuidados ajudam a evitar que elas proliferem eventuais doenças.
Uma vez por dia, os pombos-correio são soltos para um voo pela vizinhança, o
que funciona como treino. Um mês antes das competições, os treinos se
intensificam, conta o também columbófilo Brasílio Marcandoro Neto, 58, que
tem 95 pombos. As aves passam a ser soltas cada vez mais longe de casa,
fazendo trajetos semanais de até
Campeonato começará
O sexto
Campeonato Paulista de Columbofilia começará em 23 de maio. Os pombos-correio
da cidade partirão em um caminhão do parque da Água Branca (zona oeste) para
Rio Claro (
de SP).
As aves terão que retornar voando para seus pombais –o pombo-correio tem a
habilidade instintiva de voltar, de onde quer que esteja, para o local onde
foi criado. Antes das provas, cada pombo recebe em sua pata uma fita
numerada. Cada criador recebe um relógio lacrado pela federação.
Quando a ave retorna, o criador insere a fita no relógio, e o equipamento
registra a hora da chegada.
Fonte: Folha Online, acesso em 14/04/2009