Em condições normais, a
cadeia produtiva do frango utiliza entre 95% e 100% de sua capacidade
instalada, índice determinado pelo número de matrizes de corte
sob forte demanda, a utilização pode ir além dos 100% (exemplo: 104,71% em
outubro de 2007). Mas somente em crises extremas tem ficado abaixo dos 90%.
Foi o que ocorreu em 1988 quando, estimulada pelo governo Sarney, a
avicultura investiu forte na produção (em dois anos matrizes alojadas
aumentaram 32%) e o plano econômico então em vigor ruiu totalmente. Naquele
ano a utilização do plantel foi de 73%, o que significou a não-produção de
500 milhões de pintos de corte.
Situação similar seria vista em 2000, desta vez por culpa do próprio setor
que, frente a um problema sanitário, acabou exacerbando no alojamento de
reprodutoras (incremento de 27% em dois anos). Resultado: mais uma vez não
houve mercado capaz de absorver o potencial instalado, cuja utilização não
chegou a 85% e redundou na não-produção de 629 milhões de pintos.
Pois esse recorde acaba de ser batido. Não em 12 meses, mas em apenas oito
meses, ou seja, de outubro de 2008 até maio de 2009, período em que deixaram
de ser produzidos 633 milhões de pintos de corte. Que, por sua vez, teriam
gerado pelo menos 1,2 milhão de toneladas de carne de frango.
Em setembro de 2008 (exatamente quando eclodiu a atual crise econômica), o
nível de utilização da capacidade instalada se encontrava em, praticamente,
100%. Seis meses depois (março de 2009) havia caído para menos de 80%,
perdendo-se um potencial equivalente a 120 milhões de pintos de corte. Em
maio o índice de utilização continuava aquém dos 85%.
Efeito exclusivo do problema econômico? Provavelmente, não. Pois, desta vez
estimulada pelo bom desempenho externo do setor, a avicultura voltou a
exacerbar no alojamento de reprodutoras: incremento de 26% em dois anos.
Assim, é quase provável que, independentemente do aperto econômico mundial,
haveria outra crise no setor, de superprodução.
Fonte: Agrolink, acesso em 29/06/2009