O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) lança o Guia Prático de Procedimentos para Vacinação Contra Brucelose em Bovídeos. O objetivo do material é contribuir para com a prevenção de contaminações durante a imunização de animais e no processo de destinação de resíduos.
“De forma didática, o conteúdo pontua os cuidados que precisam permear a vacinação contra esta grave doença”, ressalta Odemilson Donizete Mossero, vice-presidente do CRMV-SP e presidente da Comissão Técnica de Saúde Animal (CTSA) do Conselho, a qual elaborou o guia juntamente com a Coordenadoria Técnica Médico-veterinária (CTMV) do Regional.
Com 25 páginas, incluindo anexos, o material está disponível para download no site do CRMV-SP. “Colaborar com informações aos profissionais é um compromisso que a comissão tem como prioridade”, diz Mossero, que ressalta que o guia possui, ainda, QR Code para acesso a um vídeo sobre a contenção dos animais.
De acordo com o presidente da CTSA/CRMV-SP, desta forma, os colegas poderão, também, facilitar a conscientização sobre o tema entre os demais profissionais que atuam junto aos rebanhos e produtores rurais.
Casos de brucelose ocupacional preocupam
Presidente da CTSA/CRMV-SP quando os trabalhos para a criação do guia foram iniciados e incentivadora da elaboração do material, a médica-veterinária Margareth Elide Genovez enfatiza que o ponto de partida foi a preocupação com a incidência da doença entre profissionais expostos durante a manipulação das vacinas e de resíduos contaminados.
Segundo Margareth, “as normas de vacinação do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) atendem às exigências sanitárias e comerciais de prevenção aos rebanhos. Porém, em humanos, os acidentes vacinais levam à doença ocupacional – muitas vezes com sintomas graves e tratamentos longos.”
Doença acomete pelo menos 500 mil/ano no mundo
A brucelose humana ainda é subdiagnosticada e subnotificada. Segundo órgãos oficiais, como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estimam-se 500 mil casos humanos por ano no mundo. “A incidência real da brucelose humana não é conhecida, pois, no Sistema Único de Saúde (SUS) não há obrigatoriedade de notificação dos casos”, informa Margareth.
“Muitas pessoas não recebem o diagnóstico, pois o quadro clínico é inespecífico”, afirma Margareth. Ela considera importante que, em caso de exposição à vacina ou aos resíduos, o médico-veterinário sinalize o ocorrido durante a consulta médica.
Risco está relacionado às características da vacina
Margareth explica que o risco se deve ao fato de serem empregadas na imunização dos animais as vacinas B19 e RB51, as quais são patogênicas para os seres humanos. “Mesmo em contato com o meio ambiente, a Brucella é altamente resistente, o que aumenta as chances de contágio”, diz.
A médica-veterinária frisa que as boas práticas de biossegurança e o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual e de Proteção Coletivo (EPI/EPC) são pontos cruciais para a prevenção e estão entre os sinalizados no novo guia do CRMV-SP.