Curativo “high-tech” trata leishmaniose

EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo

Plástico, água,
radiação e o antimoniato. Com todo esses ingredientes dosados de forma
precisa no laboratório, uma equipe do Ipen
(Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) desenvolveu um curativo
inteligente para tratar a leishmaniose cutânea, doença causada por um
protozoário e que afeta 18 mil pessoas por ano no Brasil.
O produto, que será testado em animais nos próximos meses, usa a mesma droga
já aplicada contra as feridas causadas pela leishmania
hoje em dia. Mas
ele tem uma vantagem importante em relação ao tratamento convencional, dizem
os autores da pesquisa: em forma de hidrogel, ele
tem liberação controlada na pele do paciente.
"O antimoniato hoje é injetável. E tem efeitos colaterais importantes.
Com o curativo, a droga será liberada de forma lenta e gradual, no prazo de
dias", diz Duclerc Parra, pesquisadora do
Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen.

O salto técnico incorporado ao produto, diz Parra, é a mistura de
ingredientes presentes no gel. Quase tudo no curativo –92%– é água contendo
a droga. Os outros 8% são formados por material plástico.
Mas o polímero, quando recebe radiação gama por meio de uma fonte de cobalto,
altera suas propriedades físico-químicas. "Ocorre a
formação de uma rede em três dimensões na escala nanométrica",
diz a química Maria José de Oliveira, outra autora do estudo.
Exatamente nessa rede imperceptível a olho nu o antimoniato e a água ficam
retidos. Os testes feitos em laboratório mostraram com exatidão qual deve ser
a mistura dos ingredientes do gel para que a droga seja liberada pela água em
doses controladas. A radiação usada no processo, diz a dupla, ainda
esteriliza o curativo.
Quando o produto estiver no mercado, diz Parra, a qualidade de vida de quem
tem leishmaniose poderá melhorar.
A Leishmania, após ser inoculada pelo
mosquito-palha nos seres humanos, além de causar feridas na pele- a versão
cutânea da doença-, pode alojar-se em órgãos como o fígado (causando a
leishmaniose visceral). Essa segunda versão da doença pode matar.

Dupla ação
O medicamento
presente no gel, diz a dupla de cientistas, vai agir sobre os parasitas de
duas formas. Além de forma tópica, matando os protozoários que estiverem na
própria ferida, ele também chegará às demais regiões do corpo quando entrar
na corrente sanguínea.
De acordo com as pesquisadoras, o fato de os géis receberem radiação gama não
gera nenhum risco para as pessoas que, no futuro, receberem seus tratamentos
via curativos.
Dentro do Ipen, a linha de
pesquisa para imobilizar certas drogas em membranas plásticas também caminha
em outras direções, diz Parra.
Projetos de pesquisa semelhantes ao da leishmaniose existem para o tratamento
de glaucoma e também para a aplicação de cosméticos.

Fonte: Folha Online, acesso em 22/05/2009

Relacionadas

Imagem de freepik
Imagem de mulher sorridente segurando telefone ao lado dos dizeres: Semana do Zootecnista. Inscreva-se.
homem careca de cavanhaque usando jaleco branco e escrevendo em uma pasta, dentro de um curral.
mão colocando envelope rosa dentro de uma urna de votação de papelão.

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40