Defesa sanitária animal garante qualidade dos rebanhos e saúde ao consumidor

Ao longo dos últimos anos, o setor agropecuário tem se tornado estratégico para a economia brasileira. Em 2016, o valor bruto da produção ultrapassou R$ 516 bilhões de reais, segundo dados da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A tendência se mantêm positiva, com previsão de crescimento de 2% para este ano, aponta a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

A agropecuária sempre foi uma das principais atividades econômicas desenvolvidas pelo Brasil. Atualmente, ela representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) e movimenta cerca de 7 milhões de empregos. O País ocupa a 2ª posição na produção de carne bovina, liderando o ranking de exportações mundiais, afirma a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). As boas notícias não param por aí. De acordo com o MAPA, até 2020, a expectativa é que a produção nacional de carnes supra 44,5% do mercado mundial. O frango será responsável por 48,1% das exportações, enquanto a participação da carne suína será de 14,2%.

Em tempos onde a globalização facilita e acentua o comércio entre os países, a sanidade animal passa a ser um assunto de suma importância. “O consumidor está cada vez mais exigente e esclarecido. Se ele não tiver certeza de que o alimento que vai consumir é seguro, ele não compra”, explica Claudia Del Fava, doutora em Clínica Veterinária e especialista em Patologia Animal.

Com o mercado aquecido, a procura por médicos-veterinários especializados em defesa sanitária animal se mostra atrativo, afinal, são eles os responsáveis por desenvolver técnicas cada vez mais evoluidas para combater pragas e doenças em rebanhos que ameaçam a produtividade e a saúde humana. Para cada epidemia em animais, a ciência entra em campo com novos estudos, vacinas e recomendações de prevenção e contenção de enfermidades. Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), cerca de 60% das doenças infecciosas humanas são causadas por zoonoses.

Atualmente, uma das maiores preocupações dos produtores é o controle de verminoses e de vacinas contra a febre aftosa e doenças reprodutivas. Segundo dados da OIE, 15 doenças são específicas na criação de bovinos, entre elas a tricomonose, a campilobacteriose e a tuberculose bovina; Outras 22 estão relacionadas a múltiplas espécies animais, algumas delas, acometem a todos os animais de casco bipartido , como é o caso da febre aftosa e da brucelose.

Para que um produto de origem animal ofereça segurança e qualidade, o planejamento sanitário deve começar nas fazendas, por meio do acompanhamento técnico especializado de um médico-veterinário. Este profissional identificará doenças e prescreverá o uso de medicamentos eficazes para o melhor desempenho das atividades, evitando a perda de gado e de dinheiro. Desta forma, o produtor terá maior controle e poderá acompanhar o desenvolvimento do rebanho, do nascimento à fase adulta e reprodutiva.

No Estado de São Paulo, o trabalho de defesa agropecuária é realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária. Sua atuação tem como finalidade garantir o cumprimento da legislação sanitária e preservar as explorações pecuárias de interesse econômico e estratégico para o Estado. Também promove a melhoria da qualidade dos produtos, serviços e insumos; e ainda a obtenção e manutenção de áreas livres de doenças animal.

Compete à Coordenaria a realização de auditorias nos processos de gestão de defesa sanitária animal para certificação do status dos rebanhos e o comércio entre os estados e países. Essas ações visam o reconhecimento internacional quanto à qualidade dos produtos, livres da febre aftosa e da peste suína clássica. “Realizamos fiscalizações volantes nas rodovias que chegam ao Estado e revisão de documentos e conferências de certificados dentro e fora dos estabelecimentos registrados que recebem matéria-prima para industrialização. Em caso de solicitação da vigilância sanitária, atuamos também no auxílio às fiscalizações conjuntas nas redes varejistas”, explica o médico-veterinário Dr. Fernando Gomes Buchala, coordenador da Coordenadoria de Defesa Agropecuária.

Um dos suportes das ações de defesa é o sistema informatizado Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave), que tornou possível o rastreamento do trânsito de animais a partir do surgimento de alguma ocorrência. Oprograma permite que os produtores rurais emitam as guias de trânsito animal (GTA) pela internet e efetuem as declarações semestrais de seus rebanhos e das vacinações contra a febre aftosa e brucelose.
Com sede em Campinas, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária possui 40 escritórios espalhados pelo Estado de São Paulo e encerrou 2016 com 312 unidades em operação. O quadro de profissionais é composto por 146 médicos-veterinários que atuam nas ações de defesa junto aos programas estaduais; e com outros 5.877 profissionais habilitados/credenciados para a emissão de guia de trânsito animal (GTA), colheita e envio de material de mormo, vacinação e exames de brucelose. Mantém ainda parceria com o setor privado, como, por exemplo, o convênio com a Associação Paulista de Avicultura (APA).

Na esfera federal, o MAPA desenvolve uma série de programas em saúde animal, como o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, Programa Nacional de Controle de Raiva dos Herbívoros, Programa Nacional de Sanidade Avícola, entre outros. “É importante manter o aprimoramento contínuo dos programas sanitários para que o País continue em posição de destaque. A interação entre os setores público e privado é imprescindível neste processo, por meio da aplicação de políticas públicas para o controle, erradicação e prevenção de doenças. O fortalecimento da carreira fiscal também é primordial, pois garante a efetividade das ações”, afirma a Dra. Juliana do Amaral Conforti Vaz, auditora fiscal federal agropecuária e mestre em Microbiologia e Imunologia.

Desde 2007, Juliana é responsável por gerenciar o Programa Nacional de Prevenção e Vigilância da Encefalopatia Espongiforme Bovina (PNEEB). Dentre as ações promovidas pelo projeto está a adoção de medidas preventivas e a proibição da alimentação dos ruminantes com subprodutos de origem animal, como a cama de frango e resíduos da criação de suínos. “O Estado de São Paulo foi um dos precursores no Brasil a fiscalizar a alimentação de ruminantes. Trabalhamos com o fortalecimento da vigilância em regiões de risco e educação em saúde por meio de iniciativas fomentadas junto ao setor produtivo e profissionais agropecuários”, explica.

Outra ação importante que tem sido fortalecida pelos órgãos públicos é o controle das doenças neurológicas no campo, realizada pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo e o MAPA, e com o apoio do CRMV-SP para a organização e divulgação dos eventos. “Entre 2015 e 2016, foram realizados 16 workshops sobre vigilância das síndromes neurológicas em herbívoros. Mais de 1.300 médicos-veterinários foram capacitados, além de estudantes, professores e outros profissionais do setor agropecuário”, conta Juliana.

Segundo a médica-veterinária, a política sanitária no Brasil é conduzida de acordo com as diretrizes recomendadas pela OIE, com foco na transparência e credibilidade das ações frente às instituições internacionais que mantêm acordos comerciais com o Brasil. Hoje, o setor agropecuário representa 48% das exportações totais do País e conquista cada vez mais novas fatias do mercado mundial, especialmente junto aos países da União Europeia (UE).

A adesão de proprietários aos programas sanitários é parte fundamental para o sucesso do agronegócio. “As fazendas hoje são monitoradas por GPSs, dentro de um sistema informatizado. O pecuarista também têm mais acesso à informação e consciência de que sua propriedade faz parte de um mundo globalizado”, explica a Dra. Claudia Del Fava.

Avicultura

O investimento em ciência e tecnologia contribuiu para o avanço da avicultura no Brasil. Graças ao melhoramento genético, a área chegou ao patamar de uma das atividades mais competitivas do mundo. Contudo, a realidade nem sempre foi assim. Há duas décadas, quando a avicultura de corte ainda escalava seus primeiros degraus no cenário nacional, o consumo de frango era considerado um “luxo” pelos brasileiros. Somente depois da implantação do plano Real é que a realidade se transformou e o frango passou a ser visto como alternativa para a população. Hoje, o Brasil é considerado o maior exportador desta carne do mundo.

“O avanço tecnológico gerou mais conforto e segurança para as produções, além de contribuir para técnicas laboratoriais mais modernas. Na mesma proporção, há a necessidade de profissionais mais qualificados para atuarem nestes nichos”, explica o Dr. Antonio Guilherme Machado de Castro, pesquisador científico e funcionário de carreira aposentado pelo Instituto Biológico de São Paulo (IB).

Castro coordenou por mais de 30 anos o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola (CAPTAA), laboratório do IB credenciado pelo MAPA para realizar diagnósticos de salmoneloses e micoplasmoses aviárias, dentro do Programa Nacional de Sanidade Avícola. Com um laboratório em Descalvado e uma Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Bastos, ambos no interior de São Paulo, possui parcerias com a indústria avícola e recebe materiais para diagnóstico de diversas regiões do Brasil. “Nosso centro de pesquisa é um dos mais importantes dentro do cenário avícola brasileiro. Em 2015, inauguramos um moderno laboratório de microbiologia, gerando assim mais agilidade aos processos de análises”, comemora Castro.

Uma das grandes preocupações do Centro é evitar a entrada de doenças exóticas em território nacional. Para combater este tipo de problema, promove diversas ações preventivas, como monitoria da influenza aviária e laringotraqueíde, proibição de visitas a granjas, vistorias para manter o bom estado sanitário do local, programas de biosseguridade, entre outras. Segundo o médico-veterinário, o local realiza mais de duas mil análises mensais de salmonela em carnes e rações.

“A avicultura é um dos setores do agronegócio brasileiro que mais têm gerado desenvolvimento socioeconômico e oferece emprego a médicos-veterinários em todos os elos da cadeia produtiva”, afirma. Até 2020, o frango deverá ser a carne mais consumida no mundo, portanto, as perspectivas são ótimas. Castro enfatiza, porém, que as universidades devem preparar melhor seus alunos para atuarem nessas áreas, além de aumentar a carga horária de disciplinas voltadas para a produção, defesa sanitária e sanidade.

Suínocultura

Importante braço do agronegócio brasileiro, em 2016 a suinocultura foi responsável pela exportação de R$ 600 mil toneladas de carne. Este sucesso se deve, em grande parte, ao altíssimo padrão de qualidade das granjas. “A possibilidade de termos hoje um animal circulando com alguma zoonose em carcaça é baixíssima. Por isso, as pessoas podem consumir a carne de porco sem medo”, enfatiza o Dr. Francisco Rafael Martins Soto, médico-veterinário sócio cotista de uma granja de suínos e docente do Instituto Federal de São Paulo.

O principal comprador da carne suína brasileira continua sendo a Rússia. Os embarques para China e Hong Kong aumentaram consideravelmente nos últimos anos e a perspectiva é que novos mercados internacionais sejam desbravados em breve, como México e Coreia do Sul. “A carne de suíno é a mais consumida no mundo e rica em complexo B. Pesquisas recentes mostram que a utilização da banha na preparação de alimentos é muito mais saudável e nutritiva do que a utilização do óleo. A tendência é que o consumo seja intensificado cada vez mais”, acredita.

Quando o assunto é prevenção de doenças, Francisco explica que os cuidados vão além da escolha de uma boa vacina. Deve-se observar diversos elementos que proporcionem ao animal uma vida saudável, como conforto, bem-estar e nutrição balanceada. “O processo de produção de suínos saudáveis começa na maternidade, com o colostro em ambiente confortável. Estes animais não podem passar frio ou fome, devem estar em ambientes extremamente higiênicos e desinfetados. Com estes cuidados, o uso de antibióticos no futuro será menor e as vacinas terão efeitos mais satisfatórios”, explica Soto, que atua na área há mais de 30 anos.

Pilares da defesa sanitária animal

Instituto Biológico

Há quem desconheça a importância do Instituto Biológico de São Paulo (IB) para o desenvolvimento de diagnósticos para as áreas animal, vegetal e proteção ambiental. Vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o local abriga um verdadeiro “quartel-general” do agronegócio brasileiro, com vistas a combater pragas e doenças, melhorar a produtividade e desenvolver melhores técnicas de criação animal e cultivos vegetal, a fim de diminuir as perdas e elevar a qualidade dos produtos.

O IB é o único laboratório paulista com 22 ensaios no escopo acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e credenciados pelo MAPA, referentes a 17 doenças: laringotraqueíte infecciosa das aves; salmoneloses e micoplasmoses aviárias; doença de Newcastle; influenza aviária; febre aftosa; estomatite vesicular; língua azul; brucelose; peste suína clássica; doença de Aujeszky; sarna suína, mormo, varíola, pseudovaríola, ectima contagioso, parapoxvirus. É o único em São Paulo habilitado pelo MAPA para o sorodiagnóstico de febre aftosa. Também mantêm um curso de Pós-graduação stricto sensu em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio.

Com sede na Vila Mariana, o Instituto emprega 23 médicos-veterinários. “Eles atuam na realização de exames, emissão de laudos e orientações técnicas. Em casos de enfermidades de notificação compulsória, são eles os responsáveis por fazer o encaminhamento ao órgão de defesa animal competente e dar prosseguimento às medidas necessárias de fiscalização, autuação e controle do foco da doença detectada”, explica a Dra. Margareth Elide Genovez, tesoureira do CRMV-SP e médica-veterinária de carreira aposentada pelo IB.

Durante sua trajetória de mais de 30 anos no Instituto, Margareth passou por várias funções e departamentos, como a extinta Seção de Doenças dos Bovinos, Ovinos e Caprinos, onde abraçou os projetos referentes a doenças infecciosas que afetam a esfera reprodutiva dessas espécies na produção de carnes e leite. Foi também pesquisadora científica e diretora do Centro de Sanidade Animal, onde esteve à frente dos 13 laboratórios do IB por 10 anos. “Durante este período, implementamos o serviço de triagem animal e diversas parcerias público-privadas. Investimos em projetos financiados pelas agências de fomento, incluindo o pequeno produtor rural. Aos poucos, os laboratórios de diagnósticos foram se modernizando e o corpo técnico atingiu seu melhor nível em reconhecimento pelo trabalho e também em títulos de mestres e doutores”, conta Margareth.

Atualmente, o IB realiza pesquisas de aproximadamente 50 agentes com diferentes metodologias para diferentes exames na área de sanidade animal.

Estação Quarentenária de Cananeia (EQC)

Outro importante pilar para a defesa sanitária animal é a Estação Quarentenária de Cananeia (EQC). Única unidade oficial no País, o local tem como principal função receber animais que chegam de outros países para um período de isolamento, tempo necessário para saber se eles possuem doenças passíveis de medidas sanitárias.

“Contar com uma estação quarentenária de animais é anseio legítimo tanto dos que militam na defesa sanitária animal quantos dos produtores brasileiros. Os primeiros, por viabilizarem a adoção de procedimentos técnicos e profissionais para a prevenção, controle e erradicação de enfermidades que comprometem a saúde animal e pública, além de preservar a sanidade do material genético introduzido no País. Os produtores, por poderem contar com um organismo público comprometido com a garantia e a transparência do agronegócio nacional”, explica o Dr. Odemilson Donizete Mossero, vice-presidente do CRMV-SP, que carrega em seu currículo mais de 35 de experiência e atuação na EQC.

Localizada em uma área de 1.510 hectares na Ilha de Cananeia, litoral Sul de São Paulo, possui capacidade para abrigar até 240 aves ornamentais de pequeno porte simultaneamente e 1.000 suínos. Está situada em uma região de grandes matas preservadas, intercaladas por áreas de exploração agrícola e com ótima localização para suas funções. Na área técnica são desenvolvidos trabalhos quando houver animais em quarentena, e na área de apoio, incluem-se os departamentos administrativos, alojamentos, refeitório e outras instalações cujo objetivo é oferecer infraestrutura aos profissionais. “A Estação tem papel fundamental para a transparência das ações brasileiras de defesa sanitária animal e oferece importante apoio às negociações internacionais de animais e de produtos de origem animal”.

Nos últimos anos, nenhuma doença que pudesse trazer risco sanitário significativo ao País foi detectada. Além do confinamento de animais importados sob suspeita, a Estação também abriga um centro de treinamento, capacitação e pesquisas. Mossero conta que o serviço oficial não consegue absorver todos os profissionais necessários para atuação em defesa sanitária no País. Com isso, há muitas oportunidades para médicos-veterinários autônomos. “O profissional deve acompanhar as normas estabelecidas para esse tipo de atuação, desde o controle de trânsito de animais em quarentena, até vacinações e diagnósticos, entre outros”.

Indústria farmacêutica

Medicamentos veterinários possuem um significativo papel quando o assunto é proteção da qualidade e segurança dos alimentos de origem animal. Segundo o Dr. Mário Eduardo Pulga, presidente do CRMV-SP e funcionário de carreira aposentado pela Bayer S.A, o desenvolvimento de novos fármacos, seguros e efetivos, e sua disponibilidade no mercado, são essenciais para a manutenção da saúde animal e a produtividade dos rebanhos. “A indústria farmacêutica é importante porque oferece produtos direcionados, focados em sanidade. O mercado brasileiro está entre os melhores em produtos do mundo e sua qualidade é indiscutível”, afirma.

Pulga explica que durante muitos anos, a classe médica-veterinária utilizou produtos humanos para tratar os animais. A partir dos anos 80, a indústria farmacêutica entendeu a necessidade e urgência em investir e lançar produtos específicos para cada tipo de animal, como bovinos, suínos e aves. A primeira empresa a enxergar este novo nicho de mercado foi a Bayer. “Coordenei durante três anos, a implantação de uma fazenda experimental, em Avaré, interior de São Paulo. Também fui Responsável Técnico e chefe do Setor de Assuntos Regulatórios, onde montava o dossiê de apresentação de novos produtos para serem sustentados diante do Ministério da Agricultura”, diz.

O Brasil possui um posicionamento expressivo como exportador de carne bovina para diversos países e, em virtude disso, tem os animais ruminantes como os mais relevantes no que diz respeito à venda de medicamentos veterinários no País, seguido pelas aves e suínos. “A vacina contra a febre aftosa é o produto mais importante da indústria farmacêutica porque coordenada toda a exportação de carne no Brasil. Se o ritmo atual for mantido, até 2020 estaremos livres da febre aftosa e com todos os estados brasileiros liberados para venda de carnes. Este desenvolvimento é muito positivo, contudo, teremos o desafio de lidar com o relacionamento entre a indústria e o mercado, na medida em que a vacina será menos utilizada”, enfatiza.

Apesar de promissora, muitos colegas médicos-veterinários desconhecem a rotina e as oportunidades da área farmacêutica. Para que um produto obtenha autorização para ser comercializado, ele deve passar por um rigoroso processo, baseado em um conjunto de documentos, relatórios técnicos e comprovações de sua eficácia, qualidade e segurança. “Esses trâmites podem demorar anos e os investimentos ultrapassar a marca de U$$ 40 milhões de dólares. O mercado é muito atrativo e oferece inúmeras chances de crescimento para o profissional que estiver disposto a investir em sua carreira”, afirma o presidente.

Zoológico de São Paulo

Os zoológicos são agentes na cadeia de defesa sanitária animal e desempenham importante papel para a comunidade nas áreas da ciência, de reprodução, nutrição e comportamento de animais. Por ser um local em que animais selvagens de diferentes regiões geográficas ficam confinados em poucos hectares, e também por existir a interferência permanente do homem, a disseminação de patógenos é bastante facilitada. Para evitar o risco de doenças para a saúde humana e dos animais, adotar programas de biossegurança é imprescindível.

De acordo com o Dr. Fabrício Braga Rassy, chefe da Divisão de Veterinária da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, os animais selvagens mantidos na Instituição são rotineiramente acompanhados e examinados. “Nosso espaço abriga também animais de vida livre, que utilizam a área do Zoológico como escala dentro do processo migratório, sendo uma valiosa base para estudos epidemiológicos para a defesa sanitária animal”, conta.

Diariamente, os resíduos orgânicos, como fezes e sobras de alimentos, são removidos e encaminhados para compostagem. Os recintos são lavados com detergente e a desinfecção é feita com solução de hipoclorito de sódio. “Cada doença observada tem um protocolo a ser seguido de acordo com o risco de infecções. Em caso de alguma alteração clínica ou comportamental, o animal é isolado imediatamente e é iniciado o controle de acesso de pessoas com o animal. Nestes casos, também redobramos os cuidados de proteção individual com nossos colaboradores e iniciamos os tratamentos”, explica.

Atualmente, nove médicos-veterinários atuam no local. Segundo Rassy, há carência de profissionais especializados para atuar em determinadas áreas técnicas, como a das patologias.

Sustentabilidade possível

O agronegócio tem buscado cada vez mais aplicar a sustentabilidade em sua cadeia produtiva, principalmente com o emprego de pesquisa e tecnologia. Isso ocorre devido ao grande consumo de recursos naturais utilizados na atividade – cerca de 70% da água consumida no Brasil é empregada no setor — e da pressão de diversos setores, que estão cada vez mais exigentes com os produtos que recebem.

A integração entre os três sistemas – lavoura, pecuária e floresta – vem se mostrando uma importante alternativa em prol do desenvolvimento sustentável, pois se trata da técnica conhecida como rotação de culturas anuais com pastagens. Ou seja, o produtor pode usar a terra tanto para o cultivo da agricultura quanto da pastagem de gado, de acordo com a época do ano.

Para o produtor, as vantagens do sistema são nítidas, como o melhor aproveitamento dos fatores de produção, como insumos e mão de obra, e bens de capital, como maquinário, instalações e terra. Apesar de competitivos, esses sistemas são tecnicamente mais complexos. “Médicos-veterinários, zootecnistas e agrônomos, deverão buscar mais cada vez mais conhecimento e se especializar, enquanto os produtores terão mais trabalhos, já que os processos são mais difíceis de serem geridos”, explica o Engenheiro Agrônomo. Prof. Dr. Augusto Hauber Gameiro, docente do Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) e coordenador do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE/FMVZ/USP).

Segundo o MAPA, o sistema já é adotado em todo o Brasil, com maior representatividade nas regiões Centro-Oeste e Sul. Hoje, aproximadamente 1,6 a 2 milhões de hectares utilizam os diferentes formatos da estratégia lavoura, pecuária e floresta e a estimativa é de que, nos próximos 20 anos, o processo deverá ser utilizado em mais de 20 milhões de hectares. A economia obtida pode chegar em até 70%.

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