Raiva, leishmaniose, leptospirose, toxoplasmose, hantavirose, “bicho-geográfico”, dengue, malária, febre amarela, tétano, salmonelose, sarna, micose, cisticercose, brucelose, tuberculose. Esses são apenas alguns exemplos de doenças lembradas no Dia Mundial das Zoonoses, celebrado em 6 de julho. Provavelmente, você já ouviu falar de alguma dessas doenças, seja nos livros da escola, nos noticiários ou devido a casos na sua região.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde mais de 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais. Por todo o mundo, as zoonoses respondem por 62% da Lista de Doenças de Notificação Compulsória, 60% dos patógenos reconhecidos (vírus, bactérias, protozoários, parasitas e fungos) e 75% das doenças emergentes.
“As zoonoses representam as doenças de transmissão direta ou indireta relacionadas entre as espécies animais e os seres humanos, considerando o envolvimento do meio ambiente e de todos os fatores determinantes dessa relação”, explica Carlos Augusto Donini, presidente da Comissão de Políticas Públicas (CTPP) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
Donini lembra ainda que há séculos essas doenças são observadas e compreendidas como resultantes do desequilíbrio ou transtorno das relações naturais entre as espécies, seres humanos e os ambientes onde se relacionam.
Papel do médico-veterinário na prevenção
“O médico-veterinário é o profissional que recebe, em sua formação, o conhecimento mais completo sobre zoonoses. Portanto, é sua responsabilidade diagnosticar e indicar medidas de prevenção e controle, seja qual for sua área de atuação, inclusive na clínica de pequenos animais”, afirma a médica-veterinária Adolorata Carvalho, integrante da Comissão de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP.
Para Donini, a profissão reúne a responsabilidade técnica, social e ambiental para a promoção de qualidade de vida à sociedade. “Ao médico-veterinário compete intervir em todas as fases da cadeia produtiva de alimentos de origem animal, garantindo sua sanidade (livre de patógenos) e qualidade sanitária (livre de contaminantes)”, ressalta.
Saúde pública
Refletindo sobre a saúde pública, Adolorata chama a atenção para os benefícios de contar com este profissional.“O gestor público tem que ser conscientizado de que, contratando médicos-veterinários para a Atenção Básica em Saúde, além da Vigilância em Saúde, com salários justos e reconhecimento do seu trabalho”.
A médica-veterinária ressalta que assim o município terá seus custos em saúde diminuídos, uma vez que ações de prevenção de doenças e agravos e promoção à saúde evitam a ocorrência e/ou complicações que levam a internações, gerando um custo muito maior.
Núcleos de Apoio à Saúde da Família
Com o objetivo de apoiar a consolidação da Atenção Básica no Brasil, em 2008, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) – compostos por equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com as equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de atenção básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde.
“Atuando junto às estratégias de Saúde da Família, o médico-veterinário tem a oportunidade de estar nos territórios avaliando os riscos ambientais que permitem o desenvolvimento de doenças, muitas delas zoonoses. Educação em Saúde, tanto para as equipes de saúde (educação permanente) como para a população, é uma das ações que o médico-veterinário pode assumir e que podem levar a resultados muito significativos, tanto para prevenção de doenças e agravos, como para a promoção à saúde”, explica Adolorata.