A quantidade de cobras está diminuindo em todo o mundo, segundo um estudo global. Os investigadores examinaram informações de dezessete populações de serpentes, que incluem oito espécies, durante as últimas décadas e notaram que a maioria diminuiu. Por razões que ainda não estão claras, algumas populações caíram drasticamente por volta de 1998. Os especialistas, que publicaram os resultados da investigação na revista Biology Letters, consideram a descoberta “alarmante” e disseram que é necessária uma pesquisa mais profunda para compreender as causas.
“É a primeira vez que analisamos a informação dessa forma, e ela revela que em várias partes do mundo se produziu uma diminuição notável em um período curto de tempo. O que vimos nos surpreendeu.”, afirmou o líder do projeto, Chris Reading.
Reading e sua equipe do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido fizeram a investigação em conjunto com instituições da Austrália, França, Itália e Nigéria. O principal problema de quem pretende fazer um estudo global como esse é simplesmente a falta de informação. Monitorar a população de cobras implica marcar os indivíduos, para poder identificá-los depois, com uma mancha em alguma de suas escamas ou por meio de microchips. Os trabalhos de campo podem levar meses e devem ser repetidos todos os anos.
Os investigadores confiam que possuem quase toda, se não toda, informação de longo prazo para seu estudo, ainda que nesse contexto “longo prazo” possa significar mais de uma década, e, em alguns casos, mais de duas. Dentro de um espaço de tempo relativamente curto, oito das dezessete populações diminuíram, algumas em mais de 90%, e só uma pareceu aumentar. Entre as espécies em queda estão duas européias, a víbora do Gabão (do oeste da África) e a píton real. As populações se reduziram até mesmo em áreas protegidas, o que indica que a perda progressiva do habitat natural de animais selvagens, que acontece em todo o mundo, não é a única causa possível.
Uma redução similar no número de sapos e outros anfíbios em um período anterior foi atribuída a um fungo. O ano em que as cobras começaram a desaparecer, 1998, foi um dos mais quentes da era moderna devido ao El Niño. Isso faz pensar na possibilidade de que o clima possa ter alguma influência. Segundo a equipe de Reading, as causas podem ser muitas. Por essa razão, estão solicitando a colaboração de outros investigadores que disponham de informações sobre cobras para ampliar o espectro da pesquisa. “O objetivo do estudo é mostrar o que encontramos e pedir a outros especialistas que comparem com seus dados. Mas creio que com tantas populações em diversas partes do mundo mostrando uma redução, trata-se mesmo de algo mais que uma coincidência”, afirmou Reading.
Fonte: Revista Veja (acessado em 11/06/10)