Estudo usa biologia molecular para analisar câncer em cães

Trabalho da médica veterinária Luciana Moura Campos Pardini, recém-graduada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), avaliou amostras de carcinoma de células escamosas, tipo de câncer de pele que atinge os cães. A enfermidade tem como um de seus fatores etiológicos a exposição crônica à radiação UV, que acaba por induzir mutações no genoma, capazes de resultar no surgimento do câncer.

O objetivo do estudo foi identificar nas amostras tumorais, a presença de um fenômeno conhecido como “metilação do DNA”, capaz de silenciar genes cuja função seria identificar e bloquear o desenvolvimento do câncer.

“A metilação é um processo fisiológico, normal, que faz parte do silenciamento de inúmeros genes que devem ser inativados ao longo da vida”, explica Luciana.
O gene estudado por ela foi o Foxe1, presente em diferentes espécies, que codifica proteínas com pelo menos 80% de similaridade em animais diferentes. Segundo Luciana, o gene já foi identificado em alguns animais e seres humanos.

“Esse gene tem sido estudado em humanos recentemente e possui influência no surgimento de diversas doenças, entre elas alguns tipos de neoplasias, como carcinoma de tireóide, carcinoma de células escamosas de pulmão e esôfago e adenocarcinoma pancreático”, diz.

Para o processo de análise, é realizada colheita de sangue nos animais. O DNA é tratado com bissulfito de sódio, substância que permite a identificação da metilação. Em seguida, é utilizada a técnica de PCR das amostras, para obtenção de milhões de cópias do DNA, a partir de uma pequena amostra do tumor. Após a análise das amostras, é realizado o sequenciamento do DNA.

“Observamos que a técnica para avaliar o padrão de metilação do gene em seres humanos pode ser utilizada para a mesma avaliação em cães, o que comprova a similaridade entre o genoma das duas espécies e a conservação desse gene ao longo da evolução”, explica Luciana.

Resultados da pesquisa

A identificação da situação do gene, devidamente correlacionada a sinais clínicos e a evolução da doença, permite presumir qual será o comportamento da enfermidade e sua reação diante de determinadas terapias.

“Dessa forma, podemos tomar decisões de tratamento e estabelecer o prognóstico do animal com base nos marcadores moleculares específicos para aquela doença. O trabalho que realizamos foi apenas o primeiro passo, e ele terá continuidade com a avaliação de um maior número de amostras e a correlação dos dados obtidos com o desenvolvimento da doença”, diz Luciana.

Fonte: A Tribuna de Piracicaba (acessado em 09/09/2011)

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