O mercado de carne de ovinos e caprinos está aquecido. A produção não atende à demanda e entidades afirmam que só daqui a dez anos o Brasil deve se tornar autossuficiente. Esse é um dos principais assuntos que vão ser discutidos na semana na Feira Internacional de Caprinos e Ovinos (Feinco), que está sendo realizada em São Paulo até a próxima sexta, dia 26.
A produção de ovinos para corte no Brasil está concentrada na região Nordeste e no Rio Grande do Sul, responsáveis por 65% do mercado nacional. Atualmente, o País conta com cerca de seis milhões de ovinos produtivos. Só no Estado de São Paulo, o volume de carne de carneiro consumido representa quatro milhões de ovinos. Ou seja, falta carne. É por isso que a Feinco deste ano quer estimular o produtor a entrar nesse negócio.
“Há uma falta muito grande de produto, o que beneficia a agricultura familiar, porque o carneiro é muito focado no pequeno produtor, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Nordeste. A arroba do cordeiro está a R$ 180. Há dois anos, era R$ 90. O preço dobrou”, diz o diretor do Agrocentro, Décio Ribeiro dos Santos.
De acordo com dados da Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco), um exemplo de como o mercado de carnes está aquecido é o preço pago pela paleta do cordeiro. Em 2009, o corte saía por R$ 7 o quilo. Depois de um ano, o valor passou para R$ 16. Agora, em 2011, já chega a R$ 24 o quilo.
“Estamos em um momento muito bom e tende a melhorar. Acho que o forte consumo e os preços para os produtores estão maravilhosos. É praticamente o dobro da arroba do boi e isso cria incentivo e fomenta a atividade. O consumo vem forte. Inclusive agora, na hora do varejo. O pessoal dos supermercados nos procura, o que não acontecia há dois anos, por exemplo” afirma o vice-presidente da Aspaco Robson Leite.
Os produtores de caprinos também estão animados com o bom momento do setor. De acordo com o presidente da Aspaco, o quilo da carne chega a R$ 10, cerca de três vezes mais do que é pago pelo quilo da carne bovina.
Os produtores de ovinos e caprinos afirmam que não há do que reclamar. Nos últimos três anos, a produção aumentou em 50% os investimentos e não deve parar por aí. Com o produto valorizado a cadeia toda sai ganhando. O produtor Fábio Cotrim trabalha com seleção genética desde 2006. Para este ano, ele estima um faturamento 20% superior ao ano passado.
“É uma consequência. Aumentou o consumo de carne, automaticamente o criador de genético deve ter uma evolução para acompanhar e ter bons reprodutores e boas matrizes”, explica.
Fonte: Canal Rural (acessado em 22/03/2011)