Fusão Perdigão-Sadia preocupa avicultores

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Toledo (PR)

As aves estão na rotina
diária da família Rekowsky, do distrito de Novo
Sobradinho, em Toledo, no oeste do Paraná, a 552 km de Curitiba. A
atividade de Edemar, 48, da mulher, Maria Marlene, 49, e dos filhos Jeferson,
26, e Gustavo, 19, é cuidar de pintinhos de um dia até eles completarem 45
dias e se tornarem os frangos que o brasileiro está acostumado comprar, já
embalados, nos supermercados.
E os cuidados não são poucos. Cabe aos Rekowsky
manterem a temperatura dos barracões de sua granja, onde são alojadas as aves
no chamado conforto térmico (em torno de 21C), observar possíveis incidências de
doenças, acompanhar a conversão alimentar (relação
entre ração gasta e engorda das aves).
Essas são as principais atividades de um produtor integrado, o elo mais
frágil da cadeia produtiva de aves no país. Integrados à Sadia, os Rekowsky possuem quatro barracões com capacidade para
alojar 60 mil aves no total. Há um ano, no auge das exportações de frango, a
atividade era rentável.
Neste ano, atingidos pela crise mundial, a família se mantém na atividade
devido aos investimentos feitos. Possui R$ 600 mil em barracões e
equipamentos na granja. Mas teme diminuir seu poder de barganha com a Brasil Foods, da incorporação
da Sadia pela Perdigão, o que pode piorar ainda mais a rentabilidade da
família.
"Hoje, para ficar ruim, tem de melhorar muito. As empresas, na crise,
enxugam para sobreviver, mas o produtor paga a conta", diz Edemar.
O produtor afirma que, com a crise, a Sadia diminuiu o número de aves
entregues em cada lote (de 15 mil para 13,5 mil nos seus barracões) e ainda
alargou o espaço do vazio sanitário, que é um período de tempo em que os
barracões ficam vazios –após um lote ser entregue à indústria– e são
preparados para receber nova leva de aves.
O espaço sanitário na granja dos Rekowsky era de 12
dias um ano. Hoje, chega a
28 dias. No final do ano, em vez de entregar seis lotes à Sadia, serão
entregues apenas quatro. Isso reflete na perda de renda e dificuldades para o
produtor.

Vazio sanitário
Outro pequeno
integrado, Eloi Stertz, 48, também de Toledo,
engordava 15 mil frangos para a Sadia em 2008. Neste ano, está alojando 13,5
mil.
A maior reclamação de Stertz
não é com a diminuição do número de aves, mas com o vazio sanitário que durou
32 dias em vez dos tradicionais 12 dias. "Se com a Sadia já está
difícil, imagina com essa nova empresa, que é muito maior. Será muito mais
difícil negociar com ela."
Ainda no distrito de Novo Sobradinho, um outro
produtor colocou, há duas semanas, sua propriedade à venda. Ele investiu em
barracões e perdeu um lote com salmonela (doença grave em aves), atrasou os
financiamentos e se inviabilizou na atividade.
Para combater situações como essa, em 2007, produtores de
aves criaram
a Aaviopar (Associação dos
Avicultores do Oeste do Paraná). O presidente da entidade, Luiz Ari Bernartt, 60, se diz preocupado com o futuro dos
integrados.
Segundo ele, o preço médio pago pela indústria por ave pronta para o abate é
de R$ 0,38, para um custo médio de produção de R$ 0,36 para o integrado.
"É uma situação de risco muito grande. Qualquer problema no ciclo da ave
se transforma em prejuízo para o produtor", afirma.

Fonte: Folha Online, acesso em 26/05/2009

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