Gripe suína afeta mais os pulmões

Vírus A (H1N1) também atinge intestino de
cobaias, levando a incidência maior de diarreia e náusea, aponta estudo

O vírus A (H1N1),
causador da gripe suína, replica-se com mais facilidade nas regiões próximas
aos pulmões, podendo infectar o órgão, enquanto o da gripe sazonal costuma
permanecer no início do trato respiratório, até a traqueia. Além disso, o
novo vírus provoca quadros ligeiramente mais graves do que a influenza
sazonal.
Essas conclusões estão entre os principais resultados de dois estudos,
publicados hoje na revista americana Science, que comparam a evolução das
gripes suína e sazonal. O trabalho foi desenvolvido com furões – pequenos
mamíferos de corpo longo e delgado, que são considerados bons modelos para o
estudo de doenças ligadas às vias respiratórias. A influenza costuma
afetá-los de modo semelhante aos humanos.
As equipes responsáveis pelos dois estudos – uma dos Estados Unidos e outra
da Holanda – infectaram animais com o A (H1N1) e com cepas responsáveis pela
gripe sazonal. O grupo americano dissecou os animais para verificar se outros
órgãos eram afetados. Descobriram que o A (H1N1) também estava presente no
intestino dos mamíferos, o que pode explicar a maior incidência de diarréia e
náusea na gripe suína, sintomas presentes em 40% dos infectados no mundo.
Houve, no entanto, divergência entre os pesquisadores quando se comparou a
capacidade de transmissão dos microrganismos. Para os cientistas holandeses,
o novo vírus é tão eficaz quanto às variantes sazonais ao infectar pelo ar
novos indivíduos. Já os americanos consideraram o A (H1N1) menos
transmissível do que a versão sazonal. Nos experimentos, furões gripados
conviveram, sem contato direto, com outros saudáveis, compartilhando apenas o
ar.
Os pesquisadores formularam uma explicação para a menor transmissibilidade.
Uma proteína presente na superfície do novo vírus, importante para o sucesso
da infecção, liga-se de forma ineficiente às células do sistema respiratório,
explica Ram Sasisekharan, coautor do artigo americano e pesquisador do
Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Segundo o cientista, a limitação justificaria o padrão da pandemia – um
grande número de surtos em grupos locais (como famílias ou escolas, por
exemplo) em vez de um contágio generalizado. Mas mudanças genéticas, comuns
no vírus da gripe, podem alterar a dinâmica da doença e torná-la mais
infecciosa. No mês passado, a equipe de Sasisekharan já havia publicado uma
pesquisa na revista britânica Nature Biotechnology sobre o A (H1N1).
O trabalho mostrava que o vírus carece de uma mutação em gene capaz de
aumentar sua capacidade de transmissão. O estudo indicava que as vacinas
disponíveis para a gripe sazonal tinham pouca chance de funcionar com a
variante suína por causa da variabilidade genética do novo vírus.
"Precisamos prestar atenção à evolução desse vírus", diz
Sasisekharan.
O pesquisador Ron Fouchier, do Centro Médico Erasmus, de Roterdã (Holanda),
resume os resultados dizendo que a gripe suína "veio para ficar".
Ele considera praticamente impossível impedir a transmissão. "Por isso,
devemos adotar medidas alternativas como manter certa distância social e
lavar as mãos com freqüência", exemplifica. "Também devemos
preparar novas vacinas e antivirais. Não sabemos se o pior (da gripe suína)
já passou."
Fouchier considera oportuna a criação de um modelo de testes com furões.
"Serão úteis para monitorar mudanças genéticas no vírus que poderiam
alterar a virulência, suscetibilidade aos medicamentos ou capacidade de
transmissão", aponta o pesquisador, sublinhando que os animais também
vão auxiliar o desenvolvimento de novas drogas. A infectologista Nancy
Bellei, da Unifesp, considera importante a realização de testes com animais.
Mas sublinha que é preciso tomar cuidado com a generalização de resultados
para humanos.

Fonte: Estado de S. Paulo, 03/07/2009

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