O Guia de Uso Racional de Antimicrobianos para Cães e Gatos foi lançado em julho pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o evento de divulgação nacional ocorreu no dia 6/07, no Condomínio Villa Lobos Office Park, em São Paulo, com a presença do vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Fábio Manhoso, e da presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental, Elma Polegato.
Elaborado pelo médico-veterinário Rodrigo Rabelo sob coordenação do Mapa e em parceria com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o material técnico oferece, em um formato atrativo e de fácil consulta, elementos básicos para que o médico-veterinário vivencie e promova o uso racional dos antimicrobianos em sua prática diária.
“Este é um documento de muita importância para orientar e alertar a comunidade médica-veterinária e tutores sobre o uso indiscriminado de antimicrobianos e o impacto da saúde animal também na saúde pública. É destacado o papel dos médicos-veterinários na escolha do tratamento dos animais de forma responsável. Parabenizamos a iniciativa e o resultado alcançado pelo excelente trabalho do doutor Rabelo”, afirmou o vice-presidente do CRMV-SP, Fábio Manhoso, durante o evento em São Paulo, representando na ocasião o presidente do Regional, Odemilson Donizete Mossero.
O guia aborda o uso racional de antimicrobianos no ambiente clínico da Medicina Veterinária, com destaque para resistências bacterianas específicas causadoras de doenças em cães e gatos. Além disso, expõe as estratégias de controle e prevenção das infecções, os métodos diagnósticos, as medidas preventivas, e diretrizes para a prescrição veterinária, entre outros.
“Para nós, foi uma honra colaborar com este projeto junto ao Mapa e à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A resistência bacteriana aos antibióticos atingiu seu alerta máximo no mundo e o médico-veterinário precisa assumir sua responsabilidade dentro da Saúde Única de maneira definitiva”, disse Rabelo, selecionado por meio de processo seletivo do Mapa para elaborar o guia.
O documento faz parte das ações do Ministério no âmbito do Projeto Trabalhando Juntos para Combater a Resistência aos Antimicrobianos (EU-OPAS/OMS/OIE/FAO) e do Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR Agro).
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Contribuição
A Resistência aos Antimicrobianos (RAM ou AMR, na sigla em inglês) é considerada, por pesquisadores e estudiosos, uma das maiores ameaças ao tratamento de várias doenças e à saúde pública. O uso indiscriminado de antimicrobianos em humanos e animais é considerado a principal causa do desenvolvimento e disseminação da RAM, superando a capacidade dos laboratórios e das indústrias de produzirem novas drogas. Além disso, a falta de água potável e saneamento, e a prevenção e o controle inadequados de infecções promovem a disseminação de microrganismos, alguns dos quais podem ser resistentes ao tratamento.
Na cerimônia de lançamento do documento em julho, o tesoureiro do CFMV, José Maria dos Santos Filho, enalteceu a iniciativa de elaborar um material que servirá como fonte de consulta para médicos-veterinários do País. “Ao contribuir para a construção deste manual, o CFMV cumpre seu papel de órgão de consulta e orientação em questões que envolvem a Medicina Veterinária e a Zootecnia. Esse documento também norteará vários trabalhos internos da autarquia”.
O secretário-geral do CFMV, Helio Blume, que é conselheiro da World Veterinary Association/Associação Veterinária Mundial (WVA) para a América Latina, destacou a relevância do guia como contribuição brasileira à comunidade Veterinária internacional. “A indústria farmacêutica é uma das quatro políticas de atuação da WVA e a resistência aos antimicrobianos está sendo fortemente trabalhada pelo comitê dedicado à pauta, inclusive, como tema de discussão central nos congressos da associação, estabelecendo conexão direta com a saúde única”, ressaltou.
Medicina Veterinária, Zootecnia e Antimicrobianos
Assim como outros profissionais de saúde pública, os médicos-veterinários devem estar atentos ao uso de antimicrobianos. Desde a avaliação sobre a real necessidade de aplicá-los, passando pela escolha da substância, a forma de prescrição, a orientação àqueles que medicam os animais – pets, silvestres ou de produção – até a conduta para a destinação dos resíduos das substâncias.
Como profissional de Saúde Única (humana, animal e ambiental), o papel do médico-veterinário também é relacionado ao apoio e à promoção de ações de uso responsável dos agentes antimicrobianos e de controle e prevenção da resistência de microrganismos patogênicos.
Os zootecnistas também têm um papel fundamental no enfrentamento da RAM. Ao promover a produção animal sustentável, a adoção das boas práticas agropecuárias e o bem-estar dos animais, bem como ao garantir uma nutrição de qualidade e com isso atingir um score corporal adequado e higidez física, os profissionais contribuem diretamente na prevenção das infecções dos animais, no adequado grau de bem-estar e, como consequência, na redução da necessidade do uso de antimicrobianos.