Foi inaugurado, na terça-feira 24/09, o Laboratório Especial de Coleções Zoológicas (LECZ), do Instituto Butantan. Com investimentos da ordem de R$ 5,5 milhões, o novo edifício abrigará os acervos de espécimes de répteis, anfíbios, aracnídeos e insetos da instituição. O antigo prédio que abrigava as coleções foi atingido por um incêndio em 2010, que causou a perda de 80% do acervo de serpentes e de várias espécimes de aracnídeos.
Com dois andares, o novo edifício com 1,6 mil m2 de área conta com um sistema de prevenção de incêndios (que promete combater ocorrência de fogo em até dez segundos) e com um de escoamento de álcool e demais líquidos inflamáveis para uma caixa subterrânea, externa à edificação. A parte do prédio que abrigará as coleções é composta por sete salas, localizadas no primeiro andar, sendo quatro voltadas para acomodar a coleção de herpetologia, uma para a coleção de artrópodes, outra para a coleção de insetos e a última para a coleção do banco de tecidos dos animais.
As coleções estão sendo acondicionadas em estantes de ferro de correr – como a de bibliotecas. A expectativa é de que, quando estiverem completas, possuirão, ao todo, em torno de 620 mil exemplares de animais, sendo 400 mil aracnídeos (como opiliones, escorpiões e aranhas), 150 mil acari (como ácaros e carrapatos), 50 mil miriápodes (como lacraias) e 20 mil serpentes.
“Estamos colocando os exemplares nas coleções – como se faz com os livros de uma biblioteca quando ocorre uma mudança – e revendo espécime por espécime e recatalogando para que possamos fazer ações específicas de busca [de novos exemplares]”, contou Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan.
“Já temos números expressivos de espécimes de animais, que estão agora muito bem guardadas. Mas vamos ver o que realmente perdemos [com o incêndio]”, disse o pesquisador na solenidade de inauguração do prédio, que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin e o secretário estadual de Saúde, David Uip.
De acordo com Kalil, as coleções mais atingidas pelo incêndio foram as de serpentes – que era a maior do mundo, com 90 mil espécimes catalogadas – e a de aracnídeos. Já as coleções de ácaros e miriápodes não foram afetadas porque estavam armazenadas em outros prédios da instituição. A coleção de aracnídeos já foi quase totalmente recuperada nos últimos três anos, ressaltaram os pesquisadores da instituição. A coleção de serpentes, contudo, é a mais crítica e deverá levar anos para ser recomposta em um nível satisfatório.
“Nunca mais teremos uma coleção de serpentes como a que havia antes do incêndio, porque a maioria das espécies era centenária e não existe mais ou foi coletada em diferentes épocas e locais, em condições muito específicas e impossíveis de serem reproduzidas”, disse Francisco Luís Franco, curador da coleção herpetológica do Instituto Butantan.
Fonte: Agência Fapesp