Geralmente o produtor acaba avaliando como resultado positivo da granja a prolificidade da porca por meio do número de leitões. A busca é por garantir uma quantidade sempre maior a cada leitegada.
No entanto, a partir do nascimento, um novo desafio se inicia para garantir o desenvolvimento sadio dos leitões. O primeiro impasse surge com o fato que a produção de leite das matrizes nem sempre pode ser considerada satisfatória para alimentar todos os nascidos vivos. É preciso verificar se a produção total de leite da porca dividida pelo número de leitões da leitegada oferece volume disponível de leite ideal para nutri-los.
Outro aspecto, apontado pelo médico veterinário Ton Kramer, é que com leitegadas maiores, o desgaste das fêmeas também é maior. “Se elas não forem bem nutridas, a perda de condição corporal é maior e pode comprometer a produção de leite”, diz.
Segundo Kramer, o primeiro fator determinante para a produção de leite é o potencial genético da fêmea. Ainda há o período de lactação, mas a capacidade de ingestão de alimentos é o principal influenciador quando se considera a lactação em si. “Fêmeas que se alimentam adequadamente são mais bem nutridas e produzem mais leite”, justifica. Mas o profissional também faz um alerta. “Por questões fisiológicas, temperaturas mais altas diminuem o consumo de alimentos e, por consequência, a produção de leite.”
Suplementação
Considerando-se que há possibilidades de a matriz não conseguir produzir leite o bastante quando há uma grande leitegada, os leitões que não forem bem alimentados não conseguirão manifestar todo o potencial genético de crescimento e ganho de peso. Assim, explica Kramer, para compensar esse déficit, faz-se necessária a complementação da alimentação dos leitões. “O início da suplementação alimentar depende da estratégia utilizada. Quanto mais precocemente os leitões estiverem adaptados ao alimento complementar, maior será o desenvolvimento e ganho de peso”, diz.
Para o profissional, como as leitegadas estão maiores ao longo dos anos, a suplementação alimentar dos leitões será sempre necessária, especialmente em granjas em que se busca o máximo desempenho da produção. Segundo ele, com a suplementação alimentar da leitegada, é possível aproveitar melhor o potencial genético de crescimento dos leitões, bem como aumentar a viabilidade da leitegada.
O uso do iogurte para os “pequenos”
Kramer explica que as características do produto semelhante ao iogurte fornecido aos leitões favorecem o maior consumo de matéria seca quando comparado a uma ração ou a um sucedâneo lácteo. “Esse maior consumo de ingredientes de alta digestibilidade favorece o melhor desenvolvimento e viabilidade dos leitões e da leitegada”, afirma.
Segundo Kramer, o consumo do “iogurte” deve iniciar logo após a ingestão do colostro, no segundo dia de vida. O fornecimento deve ser feito semi-ad libitum (ou quase à vontade), duas vezes ao dia, sendo que uma vez por dia os leitões por si só deverão limpar o comedouro.
Seguindo especificações de produto, o primeiro tratamento se oferece em torno de 120 ml/leitegada, para que os leitões “conheçam” o produto. Ao longo dos dias, o volume é aumentado até em torno de 1,5 l/tratamento/leitegada aos 14 dias. Aos 14 dias, introduz-se a ração pré-inicial em concomitância ao iogurte.
“A suplementação com iogurte melhora a transição entre a alimentação líquida e a alimentação sólida. O consumo de matéria seca pelos leitões é maior no período pré-desmame. Isso favorece o desenvolvimento e a viabilidade dos leitões e esse benefício persiste após o desmame”, garante o médico veterinário. Ele adverte, porém, que os iogurtes devem ser fornecidos como uma alimentação suplementar, sem substituir o leite da porca.
Vantagens
De acordo com o profissional, o ganho de peso diário é também incrementado, há maior viabilidade dos leitões e, assim, mais leitões desmamados, mais pesados e em uma leitegada mais homogênea. “Além disso, como todos os leitões são mantidos com a mãe, sem necessidade de remistura, há um ganho sanitário, possibilitando também uma redução na mortalidade”, explica.
Fonte: Suinocultura Industrial (acessado em 08/11/2011)