A raiva atinge mais de 150 países e territórios e, invariavelmente, é fatal. Cerca de 99% dos casos de raiva humana ocorrem por transmissão canina e estima-se que 59 mil pessoas morrem todos os anos devido a essa zoonose. É um quadro sanitário preocupante e desafiador no mundo.
Em 28 de setembro, data em que se comemora o Dia Mundial Contra a Raiva, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) destaca o importante papel do médico-veterinário no combate à zoonose.
O médico-veterinário é um importante agente de mudança, é o profissional responsável pela prevenção, controle, diagnóstico clínico e laboratorial da raiva, além de atuar também no sistema de saúde (nas três esferas de governo). Na Agricultura e Pecuária, é responsável pela coordenação e execução do Programa de Controle da Raiva dos Herbívoros, vinculados à atuação da defesa sanitária animal.
No Meio Ambiente, a atuação desses profissionais se destaca pela intervenção no vínculo epidemiológico. Desde 2004, quando o Brasil controlou a raiva urbana, os casos humanos, em sua maioria, acontecem pela transmissão de quirópteros (morcegos) em diversos ecossistemas do País; e de calitriquídeos (saguis e micos), no Nordeste; além de casos em canídeos silvestres, como raposas e guaxinins.
Vacinação
Cabe ao médico-veterinário avaliar fatores de risco quanto à transmissão do vírus da raiva no ambiente e em animais, visando alertar os órgãos de saúde e prevenir a ocorrência dessa zoonose, interagindo de forma estreita com as instituições e segmentos ambientais.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) estima que, para ser efetiva, uma campanha de vacinação contra a raiva deve cobrir ao menos 70% da população de cães nas zonas afetadas pela doença. A entidade calcula que, além de impedir a transmissão do vírus e salvar vidas de animais e humanos, o custo da imunização canina equivaleria a um décimo dos valores investidos no tratamento emergencial de pessoas acometidas pela doença.
O Programa Nacional de Profilaxia da Raiva
Implantado pelo Ministério da Saúde, em 1973, em sintonia com o Ministério da Agricultura, Central de Medicamentos (Ceme) e Organização Panamericana de Saúde, o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva representou o pioneirismo e principal elo da atuação da Medicina Veterinária na saúde pública.
Desde a criação do programa, as coordenações nacional, estadual e municipal determinaram a presença do médico-veterinário imprescindível para a erradicação da raiva. E, a partir da década de 1980, a implantação dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) e dos programas de Controle da Leptospirose e de Acidentes por Animais Peçonhentos, também exigiram a atuação desses profissionais.
Até 2030
Com o objetivo de prevenir e eliminar, até 2030, as mortes humanas causadas por raiva transmitida por cães e colocá-la na lista de doenças prioritárias para organizações internacionais e governos, a OMS, a OIE e a Organização das Nações Unidas (ONU) formalizaram uma iniciativa global com foco na abordagem da Saúde Única.
A iniciativa trata a raiva de forma holística e interdisciplinar, com destaque para o importante papel desempenhado pelos serviços veterinários, de saúde e educacionais na prevenção e controle da doença.
A raiva
– doença viral que afeta o sistema nervoso central de mamíferos, incluindo humanos;
– o vírus pode ser encontrado, principalmente, na saliva e no cérebro dos animais infectados e, normalmente, é transmitido para humanos por meio da mordedura de cães;
– o período de incubação varia de alguns dias a vários meses, mas, uma vez que os sintomas são observados, a doença pode ser fatal;
– mais de 80% das mortes causadas pela raiva ocorrem em áreas rurais, onde o acesso à campanhas de saúde e à profilaxia pós-exposição é limitada ou inexistente.
– os continentes africano e asiático são os que apresentam os maiores riscos de mortalidade de humanos, com mais de 95% dos casos fatais da doença;
– a doença é 100% evitável e há no mundo todo conhecimento, tecnologia e vacinas disponíveis para a sua eliminação.