Em situações extremas em comunidades, os médicos-veterinários atuam, não só no atendimento a animais, mas orientando a população e observando as principais necessidades para, então, acionar órgãos como Assistência Social, Centro de Controle de Zoonoses, SUS e Segurança Pública.
Exemplo claro é o trabalho desempenhado nos últimos desastres brasileiros, como os que atingiram as cidades de Brumadinho e Mariana (MG), além de ações em outros contextos, como em incêndios, deslizamentos de terra e enchentes, no cotidiano de comunidades carentes e, agora, no combate à pandemia de Covid-19.
Nessas situações, os médicos-veterinários atuam no âmbito de duas áreas crescentes da profissão: a Medicina Veterinária de Desastres e a do Coletivo. Segundo a médica-veterinária Loren D’Apice, que possui residência em Medicina Veterinária do Coletivo, as linhas de atuação em cenários como esses se cruzam.
“O profissional possui não apenas uma visão 360 graus sobre as situações, mas um olhar sensível e humanizado, que permite detectar as reais necessidades das pessoas e animais, o que requer, além de preparo técnico, inteligência emocional”, ressalta Loren.
Profissionais de saúde completos
O médico-veterinário Carlos Augusto Donini, presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), lembra que, embora o conhecimento sobre as atividades do profissional esteja concentrado sobre a atenção médica e cirúrgica de espécies animais.
De acordo com Donini, a formação em Medicina Veterinária contempla disciplinas comuns da Medicina Humana, o que permite que sejam “completos profissionais de saúde, aptos e habilitados a colaborar prontamente junto aos diferentes sistemas.”
Ações compartilhadas e integradas
Em Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e em equipes Consultório na Rua (eCR), o médico-veterinário também contribui para o desenvolvimento de ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde.
“Neste contexto, os profissionais estão entre os que atendem pessoas em situação de rua que, frequentemente, vivem em contato estreito com animais”, comenta Adriana Maria Lopes Vieira, médica-veterinária e presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária (CTSPV), do CRMV-SP.
Violência doméstica
No que diz respeito aos crimes contra animais, como agressões e outros tipos de maus-tratos, os pets podem ser sentinelas de violência doméstica – considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS) –, pois os agressores de animais, muitas vezes, também violentam integrantes da família.
Adriana enfatiza que, nesse cenário, é o médico-veterinário o profissional que poderá, mais frequentemente, identificar casos com esse perfil e notificá-los às autoridades, colaborando nas investigações em que vidas podem ser salvar.
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