Ela tinha interesse na carreira militar desde a graduação. Hoje, como capitão-tenente na Marinha, a médica-veterinária Camilla Soares Monteiro de Paula tem grande encantamento em exercer, fardada, a profissão. Perto de finalizar sua atuação como oficial temporário, que tem duração de oito anos, sua sensação é de dever cumprido.
Camilla faz parte de um quadro de 10 profissionais, distribuídos, por todo o território nacional, em funções diversas nas áreas de clínica de pequenos animais, alimentos, saúde pública e atividades em biotério.
A profissional foi destinada ao canil, onde trabalha zelando pela saúde e bem-estar dos cães de serviço, que totalizam 159, em todo o Brasil. “Minha atuação é focada na saúde preventiva e no acompanhamento das rotinas dos animais, que vão de treinamentos para faro e guarda, às patrulhas e ações de apoio a outras forças militares.”
Durante quatro anos no 1º Batalhão de Operações Ribeirinhas, em Manaus (AM), Camilla colaborou na reestruturação do canil, que até sua chegada nunca teve um médico-veterinário em seu corpo de oficiais. “Entre minhas tarefas estava o acompanhamento em patrulhas navais nos rios Amazonas, Solimões e Rio Negro, que são rota do tráfico de entorpecentes, o que demanda inspeção de embarcações com os cães de faro”, ressalta.
Vivência fascinante
Desde 2016, a oficial trabalha no canil da Companhia de Polícia da Marinha (Tropa de Reforço), em São Gonçalo (RJ). Os 21 cães da unidade prestam apoio a outras forças militares em ações em comunidades, no preparo para receber comitivas internacionais e em grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíadas.
De acordo com a médica-veterinária, o mais fascinante na lida com os cães é acompanhá-los nas diferentes etapas. “Vemos o cão chegar, ainda filhote, passar pelo treinamento e apresentar bom desempenho e depois chegar à aposentadoria. É bonita essa vivência.”
Pela Saúde Única
Frequentemente, na carreira militar, os médicos-veterinários têm atribuições relacionadas à orientação da população sobre Saúde Única (saúde animal, humana e ambiental. “A partir do meu trabalho, pude levar para comunidades afastadas informações a respeito de prevenção contra zoonoses, guarda responsável de animais domésticos e preservação ambiental”, afirma Camilla.
A capitão-tenente lembra de forma especial das crianças que encontrou nessas comunidades. “Isso me traz respostas sobre os momentos em que precisei me ausentar da rotina de minhas filhas para ações que, às vezes, levavam até 10 dias. É uma missão à pátria.”
Medicina Veterinária Militar
Berço do exercício da profissão no Brasil, a Medicina Veterinária Militar tem seu dia comemorado em 17 de junho. A data foi instituída em homenagem ao patrono do serviço médico-veterinário do Exército, tenente-coronel Médico João Muniz Barreto de Aragão.
Com ajuda de médicos-veterinários franceses, o tenente-coronel criou a primeira escola de Medicina Veterinária do Brasil, em 1910, e foi responsável por implementar o serviço de defesa sanitária animal, precursor do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).