Método alternativo cura animal picado por cobra

Tratamento é desenvolvido à base de anti-inflamatórios e já existe há 30 anos, mas é pouco conhecido

Até meados de 1980, quando um boi, cavalo ou cão eram mordidos por uma cobra não havia muito o que fazer, já que o tratamento padrão contra o veneno de serpentes baseava-se apenas no uso do soro antiofídico. Segundo as regras do Ministério da Saúde, porém, o soro só pode ser liberado para uso em humanos. Com isso, a perda do animal era praticamente inevitável.

Incomodado com a situação, o então pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos (SP), Antônio Pereira de Novaes, começou a testar um método alternativo para tentar salvar os animais. “Como não podíamos usar o soro, até porque naquela época ele estava em falta em razão das dificuldades que o Instituto Butantã atravessava, começamos a tratar o animal picado com anti-inflamatórios não anabolizantes e diuréticos”, explica.

Os primeiros testes surtiram efeito. Novaes então, acompanhado por uma equipe de pesquisadores, foi até a Embrapa Pantanal para conduzir testes mais específicos e validar o protocolo. “Inoculamos em 47 animais o veneno de serpentes do gênero Bothrops, como jararaca, cotiara e jararacuçu, e todos estavam totalmente recuperados em três dias de tratamento”, conta.

Novaes explica que no caso das picadas das serpentes do gênero Bothrops o veneno causa um edema no local. Como muitas mordidas acontecem no pescoço, pois o animal é atacado quando está pastando, ele acaba morrendo por asfixia. Em razão disso o método desenvolvido por Novaes acaba sendo mais eficiente, já que o soro não penetra na área afetada, o que torna a recuperação mais lenta.

O pesquisador relata no entanto que na época o método era visto com descrença pela comunidade científica. “Isso porque ia contra o tratamento preconizado pelo próprio Vital Brasil. Somente seis anos depois do início dos testes, em 1986, a Embrapa reconheceu o método, que hoje é amplamente difundido nas escolas de veterinária, segundo observa o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pantanal, Thierry Tomich.

Contudo, ainda que o protocolo seja reconhecidamente eficiente e esteja prestes a completar 30 anos, ainda acontecem muitas perdas de animais no campo, por pura falta de conhecimento do método. É o que relata o assistente de pesquisa da Embrapa São Carlos, Nassir Paranhos, que integrou o corpo de especialistas que validou o método. “As consultas que recebemos sobre como tratar os acidentes com esse tipo de serpentes são raras. O que nos leva a crer que os acidentes com cobras, que são frequentes, continuam causando perdas de animais.”

Fonte: O Estado de São Paulo (acessado em 04/11/09)

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