Negligência e abandono são consequências da compra por impulso

Páscoa leva famílias a adquirirem coelhos como pet, sem avaliar as reais condições para mantê-los
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Pixabay

No período que antecede a Páscoa, os coelhos também são cobiçados como presentes, principalmente, pelas crianças. Nesse contexto sazonal esses animais acabam sendo comprados por impulso. Sem uma avaliação prévia das necessidades que a família precisará suprir, a saúde e o bem-estar do coelho ficam ameaçados.

Adquirir um animal sem esse planejamento significa percorrer um caminho que vai à contramão do conceito de guarda responsável, cuja reta final pode ser a de situações difíceis de serem contornadas. No ambiente doméstico, a acomodação inadequada do animal é uma delas.

“Há quem coloca o coelho em uma gaiola pequena, deixando-o sem condições de bem-estar. Outras permitem que o animal fique solto pela casa, o que também representa risco, pois ele pode se acidentar, por exemplo, roendo fios elétricos”, explica a médica-veterinária Cristina Fotin, que integra a Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

Cristina ressalta ainda que o primeiro passo para se adquirir um animal é pesquisar sobre o espaço que será preciso dispor, quais serão os custos para manter a saúde e o bem-estar, além de avaliar se a rotina da família permite que os cuidados, pensando nos aspectos físico e comportamental, sejam desempenhados.

Responsabilidade

É importante saber que um coelho em ambiente doméstico vive em média sete anos, podendo chegar a dez anos, e que durante esse período, o tutor tem responsabilidade sobre sua vida. Cristina comenta que, em sua atuação profissional, observa que o coelho, muitas vezes, é a espécie escolhida por ser quieta e pequena.

“Mas é um animal que possui uma urina de odor forte, característica que as pessoas não esperam ter que lidar”, afirma a médica-veterinária, referindo-se ao trabalho com a higienização dos ambientes. Ela cita que o comportamento de roer objetos também é enfrentado com dificuldade pelo tutor.

Abandono

Pode-se dizer que a pior consequência da compra de coelhos por impulso é o abandono. Embora se trate de um crime, previsto na Lei Federal nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais), esse é o fim de diversos coelhos comprados para serem presentes de Páscoa.

Presidente da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP, o médico-veterinário Marcello Schiavo Nardi atua na Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre (Depave-3) da Prefeitura de São Paulo e conta que, pelo menos, um dos coelhos encontrados em áreas verdes públicas da cidade é levado ao seu setor.

Geralmente, eles estão desidratados e muito famintos. Alguns apresentam problemas de pele. Após tratamento são encaminhados para adoção

(Marcello Schiavo Nardi)

Superpopulação

Cristina Fotin afirma que, em sua atuação profissional, também já se deparou com casos de abandono no período pós-Páscoa. Ela conta que além de parques e praças públicas, há incidência de abandono em terrenos privados com desdobramentos ainda mais difíceis.

“Embora mais raro, pode haver superpopulação de coelhos, pois são espécies que procriam muito, além de brigas por território que acabam em animais feridos”, ressalta.

Decisão de ter um coelho, assim como outros animais, deve ser pautada na responsabilidade, no amor e no bem-estar e saúde do animal

(Cristina Fotin)

Orientações da médica-veterinária Cristina Fotin sobre a espécie:

 Alimentação

– baseada em feno ou capim, para promover um bom desgaste dos dentes (70% da dieta);

– ração própria para coelhos, cerca de 40 gramas por quilo de peso, ou segundo orientação do médico-veterinário (30 % da dieta);

– verduras de cor escura à vontade ou segundo orientação médica-veterinária;

– oferecer alimentos com fibra mais grossa (feno e capim), para o desgaste adequado dos dentes, que têm crescimento contínuo durante a vida;

– não oferecer mistura de grãos, porque são pobres em vitaminas e minerais;

– frutas em pequena quantidade e com baixa frequência, pois podem alterar a digestão e causar diarréia;

Lembrando que coelhos realizam cecotrofia. Ingerem uma parte especial das fezes, mais úmida, logo de manhã, para reaproveitar os nutrientes dos alimentos.

Comportamento e cuidados necessários:

– pode viver em média de seis a dez anos;

– é sociável, silencioso e tem comportamento diurno;

– as fêmeas podem viver juntas se acostumadas desde cedo;

– castração é aconselhável se o coelho se tornar agressivo. Nas fêmeas, a castração evita doenças do útero e mamas e deve ser realizada a partir dos seis meses de idade;

Ambiente e alojamento

– objetos para roer são boas fontes de distração e ajudam no desgaste dentário, como casca de côco marrom, pedaços de madeira maciça, galhos de árvores frutíferas;

– coelhos devem ser mantidos em área ampla onde possam se exercitar, diariamente. Não devem ser mantidos presos em gaiolas em tempo integral, apenas por curtos períodos;

– as áreas para exercício devem conter tocas para esconderijo para situações em que o animal possa se sentir ameaçado;

– o piso deve ser de estrado, para evitar contato direto com fezes ou urina. Colocar um área de papelão ou estrado de plástico para descanso, pois evitam ferimentos nas patas;

– podem se intoxicar, facilmente, com substâncias inaladas como produtos de limpeza, odor de tinta ou solventes, fumaça, dedetizações, incenso em excesso e aromatizadores de ambiente.

Relacionadas

04.05.2022_Zootecnia_Bem_Estar_Pixabay
25.04.2022_Seminário_Animais_Silvestres_Gato
13.04.2022_Alta_procura_por_pescados_na_Semana_Santa_impulsiona_cadeia_produtiva_do_setor_Pixabay
01_04_2022_Cachorro_páscoa01_Pixabay

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40