Nutrição responsável fecha a 5ª Semana do Médico-veterinário

Palestrantes abordaram a importância da responsabilidade do tutor e dos profissionais na alimentação dos pets
Texto: Comunicação CRMV-SP/Foto: Adobe Stock

No terceiro e último dia de palestras da 5ª Semana do Médico-veterinário do Conselho de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), realizado na última sexta-feira (10/09), o destaque foi a alimentação dos pets e a responsabilidade do tutor e dos profissionais em garantir a nutrição dos animais. 

A abertura contou com a presença do secretário-geral do CRMV-SP, Fernando Gomes Buchala, que parabenizou os médicos-veterinários pelo seu dia, comemorado na véspera, e enfatizou a importância da Comissão de Nutrição Animal, que desde quando foi criada, em 2014, traz discussões importantes e de vanguarda.

Buchala falou também sobre o privilégio de assistir ao evento que teve, ao longo da semana, temas bastante relevantes para médicos-veterinários e zootecnistas, além da satisfação de estar no painel sobre nutrição e de integrar a nova diretoria do Regional. 

“Agradeço a oportunidade de participar da nova gestão e da idealização de quatro novas comissões técnicas: ética profissional, educação, agronegócio e representantes regionais. Cabe a cada um de nós dedicação e esse pensar no futuro das profissões”, afirmou.

Mercado pet

O primeiro palestrante da noite foi o médico-veterinário e zootecnista João Paulo Fernandes Santos. Membro da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP, o profissional abriu sua apresentação mostrando o potencial do mercado pet brasileiro que, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), conta com 144,3 milhões de animais domiciliados, sendo 55, 9 milhões de cães; 40,4 milhões de aves; e 25,6 milhões de gatos, além de outros animais.

“Nos últimos sete anos, o número de felinos domiciliados cresceu o dobro do de cães. Essas populações estão ganhando espaço e a composição familiar tem mudado, cada vez mais casais adotam animais ao invés de terem filhos”, ressalta Santos, lembrando que o consumidor tornou-se mais exigente ao adquirir produtos, prezando pela alimentação saudável, o que também repercute na alimentação do pet.

Internet e as dietas “perfeitas”

Cada vez mais conectadas e bombardeadas pela informação imediata, segundo Santos, as pessoas acabam arriscando a saúde dos animais, oferecendo dietas apresentadas na internet como perfeitas para cães e gatos, mas elaboradas sem nenhuma base científica ou conhecimento de nutrição. 

“A alimentação do animal precisa de respaldo técnico. Será que as receitas de alimentação de cães e gatos disponíveis na internet são seguras? Pesquisas mostram que 100% das dietas analisadas tinham desbalanço nutricional. Para nós, profissionais, o nutriente (fósforo, cálcio, etc.) é o mais importante”, explica o médico-veterinário e zootecnista.

Nutrição animal é uma ciência que demanda conhecimento técnico e canal de comunicação aberto entre profissional e tutor

(João Paulo Fernandes Santos, médico-veterinário/zootecnista e membro da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP)  

No caso das dietas caseiras, que até são vantajosas em alguns casos, o palestrante destaca o perigo até mesmo das prescritas pelo médico-veterinário. “O que nos assusta muito, além das dietas divulgadas pela internet, é quando o profissional prescreve, mas o tutor não segue as quantidades exatas conforme a prescrição”, alerta. 

Natural x industrializada

O médico-veterinário Rodolfo Claudio Spers, membro da Comissão de Nutrição Animal do CRMV-SP, iniciou sua apresentação enfatizando que a alimentação animal divide opiniões, alguns acreditam que a natural não fornece o equilíbrio nutricional adequado, enquanto outros são totalmente contra a industrializada.

De acordo com Spers, na dieta natural, a vantagem é que os ingredientes são selecionados pelo próprio tutor, mas, por outro lado, há dificuldade de equilíbrio da fórmula, falta de análise laboratorial para comprovar níveis nutricionais adequados e garantir segurança e qualidade. “Não há legislação que dê suporte e fiscalize, há dificuldade em oferecer as quantidades corretas e é preciso tomar cuidado com o cozimento e o armazenamento.”

Devemos respeitar as necessidades de cada espécie. É preciso bom senso do médico-veterinário e do tutor no manejo nutricional

(Rodolfo Claudio Spers, médico-veterinário e membro da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP) 

No caso da industrializada, ao mesmo tempo em que há prós como embasamento técnico e científico, ajustes nos níveis nutricionais de acordo com a legislação, garantia do fabricante; há contras, como a inclusão de ingredientes industrializados, como conservantes e aromatizantes. “Temos que ter responsabilidade nutricional”, destaca.

Humanização tem limites

A palestra de encerramento da noite e da Semana do Médico-veterinário ficou a cargo de Yves Miceli de Carvalho, presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP e membro dos comitês técnicos da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

Miceli abordou o trabalho da Comissão que tenta harmonizar as informações relacionadas à alimentação dos pets. “É preciso conhecimento para elaborar essas dietas, o organismo utiliza nutrientes e não ingredientes.” 

Outro ponto citado foi a humanização dos pets, que deve ter limites. Cães e gatos, por exemplo, não digerem bem carboidratos, por isso, é preciso muito cuidado com o que se oferece ao pet. “Posso ser vegano, mas tenho que respeitar as espécies. Temos que prescrever o melhor para o cão e para o gato e não para nós. É preciso desumanizar a nutrição do pet e conscientizar a população e os profissionais sobre a nutrição responsável”, conclui.

Assista a íntegra do painel

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