A diretora-geral da OMS
(Organização Mundial da Saúde), Margaret Chan,
rejeitou as críticas de que a reação da organização tenha sido exagerada
frente à epidemia gripe suína, denominada oficialmente influenza A (H1N1), e
alertou que pode haver uma segunda onda de contágios em todo o mundo. O
balanço mais recente da organização afirma que há 985 casos da doença em 20
países, incluindo 25 mortes no México e uma nos Estados Unidos.
Em declarações ao jornal "Financial Times", Chan
afirma que a epidemia da gripe suína – que criou alarde de uma pandemia
mundial – ocorreu no final da temporada típica da gripe no hemisfério norte
(durante os meses frios do inverno) e que isso explica o caráter
relativamente leve do surto inicial. Contudo, ela avisa que pode haver uma
segunda onda de contágio do vírus A, ainda mais letal.
"Esperemos que o vírus vá perdendo força porque, se não for assim, enfrentaremos
um grande surto", explica. "Não prevejo que vá acontecer uma
explosão pandêmica, mas se não levo em conta essa possibilidade e não nos
preparamos para ela, irei fracassar."
Chan alerta ainda que os números otimistas de
México e de outros países sobre a estabilização da transmissão da gripe suína
e a queda do índice de mortalidade não significa que a epidemia da doença
esteja no fim.
"Prefiro pecar por excesso que por defeito de preparação", afirma a
diretora-geral da OMS, que não descarta aumentar o nível de alerta pandêmico
para seis, o mais alto na escala da organização.
"É mais um sinal que se envia às autoridades do setor da saúde pública
para que tomem as medidas apropriadas, supervisionando, por exemplo, sua
propagação", explica Chan, acrescentando que
um alerta de pandemia não significa necessariamente que a doença vá afetar
todos os países e todos os indivíduos.
Balanço
A OMS divulgou nesta segunda-feira novo relatório sobre a gripe suína no
mundo. O México, considerado o epicentro da epidemia, continua o país mais
afetado pela gripe – são 590 casos da doença confirmados, dos quais 25
resultaram na morte dos pacientes.
Nos Estados Unidos, segundo país do mundo em número de casos, 226 pessoas
tiveram testes com resultado positivo para o A (H1N1). O país tem ainda a
única morte fora do México, um bebê mexicano que morreu no Texas na
segunda-feira passada (27).
Outros países com casos confirmados da doença, sem nenhuma morte, são: Canadá
(85), Espanha (40), Reino Unido (15), Alemanha (8), Nova Zelândia (4), Israel
(3), El Salvador (2), França (2), Áustria (1), China (1,
Kong
Sul (1), Costa Rica (1), Dinamarca (1), Irlanda (1), Itália (1), Holanda (1)
e Suíça (1).
A OMS explicou ainda que o rápido aumento dos casos registrados no México não
é resultado de novos contágios e sim de milhares de testes de amostras
recolhidas anteriormente de pacientes e que foram enviadas ao exterior para
análise segundo os critérios da organização.
Cautela
demais
Ao jornal, Chan explicou que as autoridades
mexicanas se mostraram muito cooperativas no combate à gripe suína, embora tenham ficado assoberbadas pela tripla tarefa de estender
o tratamento às pessoas afetadas, limitar a propagação do vírus e analisar os
casos registrados.
A diretora-geral da OMS assinala, por outro lado, que as restrições de viagem
ao México impostas por vários países, como Argentina
e Cuba, são contraproducentes "tendo em vista as provas disponíveis e de
nossos conhecimentos científicos".
Embora os países tenham direito a tomar diferentes medidas para enfrentar a
epidemia, precisam justificá-las publicamente, criticou Chan.
A diretora-geral defendeu, contudo, a decisão de Hong
Kong (China) e Nova Zelândia de colocar em quarentena os viajantes dos quais
se suspeita que estão infectados.
Chan pediu ainda que as companhias farmacêuticas
aumentem suas contribuições em medicamentos contra a gripe suína e forneçam
mais remédios e vacinas a preços mais acessíveis para poder tratar e proteger
aos cidadãos de países mais pobres.
Fonte:
Folha Online, 04/05/2009