Especialista em Oncologia Veterinária, a médica-veterinária Juliana Cirillo afirma que em mulheres diagnosticadas com câncer de mama, alguns marcadores prognósticos, como receptor de estrogênio (ER), receptor de progesterona (PR) e expressões do receptor 2 do fator de crescimento epidérmico (HER2) são rotineiramente usados como parte do diagnóstico e para determinar a abordagem terapêutica mais adequada para cada paciente.
Por outro lado, nos caninos, embora a expressão desses marcadores tenha semelhanças com seres humanos, sua avaliação antes do tratamento não é realizada rotineiramente, mas apenas para fins de pesquisa.
“Outro ponto que difere é em relação à quimioterapia. Em mulheres com câncer de mama, a quimioterapia adjuvante no pós-operatório geralmente é realizada com o objetivo de aumentar as taxas de sobrevida e houve muitos avanços nesse campo. Em cadelas, no entanto, poucos estudos foram realizados sobre sua eficácia quanto à redução no índice de recidivas e aumento na sobrevida”, explica Juliana.
Segundo a especialista, a avaliação de biomarcadores possibilita diagnósticos clínicos, opções de tratamento e prognóstico para o câncer de mama em humanos. Mas até o momento, o uso de biomarcadores nos casos de neoplasias mamárias caninas e felinas ainda não é uma prática comum.
Principais desafios
A Profa. Dra. Maria Lúcia Zaidan Dagli, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) e presidente da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet), lembra que há muitos ensaios laboratoriais e experimentais, mas poucos destes chegam à rotina para tratamento de neoplasias mamárias de cães e gatos.
“O principal desafio com relação às neoplasias mamárias refere-se ao controle das metástases. Sempre dizemos que tratar a neoplasia primária é relativamente fácil, pois basta retirá-la cirurgicamente. Entretanto, as metástases são difíceis de controlar, e em geral são elas que levam o indivíduo à morte. Ainda há muito que aprender no que se refere à eliminação das metástases”, afirma a professora.