Recentemente, foi possível acompanhar o trabalho de médicos-veterinários para tratar queimaduras nas patas de onças durante os incêndios no Pantanal. Uma das técnicas utilizadas foi a ozonioterapia, método que emprega o gás ozônio misturado ao oxigênio e, pela oxidação, libera radicais livres que estimulam a produção de antioxidantes naturais.
Os primeiros estudos na área ocorreram na década de 1980, porém, foi neste ano que a técnica foi regulamentada (Resolução nº 1.364) pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Para o uso da terapia, os profissionais devem contar com respaldo técnico que indique segurança e eficácia para o tratamento, sendo atividade privativa do médico-veterinário.
Márcio Thomazo Mota, presidente da Comissão de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, diz que é fundamental que os profissionais “estejam atualizados sobre tendências e que tragam resultados satisfatórios para melhorar a qualidade de vida dos animais através da indicação correta de um tratamento tão inovador quanto a ozonioterapia”.
Segundo Jean Fernandes Joaquim, presidente da Associação Brasileira de Ozonoterapeutas Veterinários (Abo3vet), a técnica pode ser aplicada em pequenos e grandes animais, selvagens ou de produção. O tratamento só “não é indicado para animais com anemia severa, hipertireoidismo e hipoglicemia”, sendo recomendada a estabilização clínica antes da aplicação.
Indicações de uso
Andrigo Barboza de Nardi, professor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da Universidade Estadual Paulista (Unesp), explica que o ozônio pode ser utilizado no tratamento de feridas, dor crônica, lesões na coluna, algumas neoplasias e infecções em geral. “Podemos selecionar a dose, a concentração e o volume a serem utilizados e, assim, obter efeitos analgésico, anti-inflamatório ou antisséptico”, garante.
Há a indicação da ozonioterapia, por exemplo, para o tratamento de feridas na porção distal do membro inferior de equinos. O método também acelera a cura de diversas doenças como laminite, problemas nos músculos, tendinite, artrite e cicatrização. Além disso, potencializa resultados em equinos atletas.
Resultados positivos
Autor do livro “O Ozônio na Medicina Veterinária”, o médico-veterinário César Augusto Garcia comenta que as experiências demonstraram eficiência no pós-operatório. “Houve resposta positiva com a lavagem de feridas cirúrgicas com água ozonizada, bem como com diminuição do tempo de recuperação da consciência após cirurgias pela insuflação retal”, afirma.
A resposta ao tratamento em animais selvagens também chama a atenção. “Tivemos a oportunidade de tratar esquilos e jacarés com síndromes vestibulares e um tigre jovem com lesão traumática na coluna, somente com a utilização do ozônio paravertebral”, conta Joaquim da Abo3vet.
Busque um profissional
Somente o profissional habilitado é quem pode determinar a via de aplicação, além da dose de oxigênio e ozônio adequada para cada animal, considerando as indicações e as condições de cada caso. Para atuar com a ozonioterapia, o médico-veterinário deve se capacitar por meio de cursos de formação na área, com carga horária mínima recomendada pela Abo3vet de 40h.