Papagaios resgatados do tráfico têm menor tempo de vida

O zoológico municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, abriga papagaios apreendidos pela polícia ambiental. Porém a maioria deles morre principalmente por doenças e maus tratos causados pelo tráfico. Apesar de chegarem com vida, 92,5% desses animais conseguem sobreviver apenas cinco anos, opondo-se com o tempo de vida média do animal, que pode ser de até 40 anos. A constatação é de uma pesquisa da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP e o estudo acaba de ser publicado na revista científica britânica Zoo Biology, na edição de setembro de 2010.

Os papagaios chegam ao zoológico doentes, com fraturas e deformidades. Segundo o pesquisador e autor do trabalho, Ralph Vanstreels, os traficantes levam os animais em espaços apertados, como mochilas e porta-malas, e os trazem em grande quantidade sabendo que a maioria morrerá no caminho.

Vanstreels lembra do relatório da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) de 2002, que mostrava que nove em cada dez animais traficados morriam ainda no percurso. “Além dos papagaios que morrem no caminho, os que chegam com vida no zoológico morrem antes daqueles que não vieram do tráfico”, destaca. O trabalho fez parte da iniciação científica de Vanstreels na FMVZ e foi orientado pela professora do Departamento de Patologia da Faculdade, Eliana Reiko Matushima.

A espécie principal estudada é o papagaio-verdadeiro, procedente principalmente das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil. Segundo o estudo, 91,7% desses animais que estão nos zoológicos vêm do tráfico, que os tiram da natureza para serem vendidos em feiras ilegais no Estado de São Paulo. Quando resgatados, os papagaios são levados aos zoológicos. Há também casos de proprietários que obtiveram ilegalmente o animal e que o entregaram aos zôos.

O Zoológico de Sorocaba parou de abrigar papagaios traficados porque já está com o limite máximo que o espaço permite. Segundo o pesquisador, isso traz um problema sério. “O tratamento de papagaios resgatados gera um grande gasto para os zoológicos, que também precisam cuidar de espécies em extinção. Mas, ao mesmo tempo, eles não podem negar o abrigo a essas aves”.

Comércio ilegal

O pesquisador lamenta o fato de que as pessoas normalmente obtêm o papagaio-verdadeiro por vias ilegais. “O papagaio parece até um animal típico de São Paulo. Mas, quase todos que vemos os animais são trazidos pelo tráfico”. O animal é uma espécie nativa e que precisa de permissão do Ibama para criação em cativeiro.

Outro aspecto destacado pelo pesquisador são os cuidados exigidos para se cuidar de um papagaio. “Eles precisam de muitos cuidados e, quando estressados, começam a arrancar as próprias penas”. Por isso, o animal que vem pelo comércio ilegal passa por más condições, o que diminui sua sobrevida.

O pesquisador acredita que falta conscientização das pessoas. “O tráfico de animais só terminará quando as pessoas pararem de comprar a ave ilegalmente.”

No total, a pesquisa contabilizou 374 papagaios que o zoológico recebeu de 1986 a 2007. O levantamento foi feito a partir de dados do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, que encomendou a pesquisa. O pesquisador pretende continuar a pesquisa com o zoológico, mas abordará outros tipos de aves, como os passarinhos, que também são frequentemente traficados.

Fonte: Agência USP de Notícias (acessado em 17/11/10)

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