Páscoa aumenta o risco do consumo de chocolate pelos pets

Ingestão de ingredientes como o cacau pode causar danos à saúde e até mesmo o óbito dos animais
Comunicação CRMV-SP/ Foto: Pixabay

Estimular a convivência saudável entre os animais de estimação e seus tutores e previnir os males provocados pela humanização tem sido o grande desafio enfrentado por médicos-veterinários, especialmente, quando o assunto é a alimentação. Em épocas festivas, a exposição dos animais à rotina dos tutores ganha proporção ainda maior. Na Páscoa, por exemplo, o chocolate está no topo da lista de alimentos tóxicos oferecidos de maneira voluntária ou consumidos acidentalmente.  

Dificuldade para digerir alguns nutrientes comuns na dieta humana, mas considerados impróprios para os animais, é um fator que exige atenção constante dos tutores. Para o médico-veterinário e presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CTNA/ CRMV-SP), Yves Miceli de Carvalho, a preocupação pode ser estendida a animais de todas as espécies, porém, o número maior de casos envolvendo cães e gatos é proporcional à quantidade de animais presentes em ambientes domésticos.

“Quando o assunto é a escolha de alimentos, os felinos são mais seletivos que os cães. No entanto, o grau de periculosidade na ingestão de ingredientes como o cacau é equivalente para ambos”, afirma Miceli de Carvalho.

Sendo assim, reforça o presidente da CTNA/CRMV-SP, não há segredo e nem espaço para aventuras gastronômicas, o recomendado, ainda, é “definir uma dieta balanceada com a orientação do médico-veterinário de confiança como um dos fatores essenciais para que animal tenha uma vida com mais qualidade”.

Integrante também da CTNA/CRMV-SP, o médico-veterinário e zootecnista João Paulo Fernandes Santos, lembra que o desafio de alimentar e inserir os animais de estimação aos eventos festivos da família, com segurança, pode ser resolvido com opções práticas e saudáveis como frutas e legumes, mesmo assim ele alerta para a necessidade de orientação do médico-veterinário para que as especificidades físicas do animal possam ser consideradas.

Incompatibilidade fisiológica

Miceli de Carvalho explica que “a substância teobromina presente no cacau, não é considerada tóxica para humanos, mas pode causar diversos efeitos que estão relacionados à proporção entre peso e a quantidade ingerida pelos animais. Portanto, o ideal é que o chocolate ou seus derivados não sejam ofertados, evitando-se, assim, o sofrimento e até mesmo o óbito”.

Segundo o presidente da CTNA/CRMV-SP, que também é mestre em Nutrição e Alimentação Animal, outro fator que precisa ser levado em consideração é que, no mínimo, “o consumo de açúcar e gordura pode causar obesidade e doenças como diabetes, provocando sobrecarga do organismo especialmente devido ao fato dos animais possuírem em nível reduzido, nos órgãos como pâncreas e intestino, a enzima amilase que é a substância responsável pela digestão”.

Respeitar os limites

Para Miceli de Carvalho, a presença constante dos animais inseridos na rotina doméstica reforça a importância de um ambiente adaptado às necessidades dos animais e enriquecido com elementos que possam garantir bem-estar e segurança. “Quando decidimos trazer um animal para nossa casa, precisamos compreender as limitações de cada espécie de acordo com sua idade e raça a fim de evitar que sejam expostos a incidentes cujos danos são os mais diversos”.

Entre as situações mais comuns, diz o médico-veterinário, “estão o acesso a produtos de limpeza ou alimentos, esses últimos ainda mais fartos em épocas festivas como a Páscoa”. Nesse caso, pode ocorrer a ingestão de chocolates ‘esquecidos’ em algum canto da casa ou até mesmo oferecidos pelas crianças ou alguém que deseja agradar os animais. “Por isso, é fundamental que o tutor fique atento aos sinais fisiológicos ou comportamento atípico que indiquem intoxicação alimentar”.

Opções para o pet

Diante do aumento da demanda por produtos “adaptados” e as “tendências” do mercado nutricional pet, Miceli de Carvalho conclui lembrando que os “cães e gatos são, na essência, carnívoros e precisam de alimentos que atendam suas necessidades fisiológicas para facilitar a digestão e absorção dos nutrientes adequados ou terão a saúde e longevidade comprometidas”. 

Santos reforça que a indústria, com o objetivo de atender o comportamento dos tutores, “desenvolve produtos que simulam ovos de Páscoa, com embalagens e cores equivalentes aos adquiridos por humanos, com sabor e aroma atraentes, mas seguros aos animais”.

“Quando o assunto é a guarda responsável de animais, a tutela de um ser senciente implica na obrigação de garantir bem-estar, saúde e conforto ao animal, diante disso, a alimentação ocupa um dos pilares dessa realidade”, afirma o zootecnista e médico-veterinário membro da CTNA/CRMV-SP.

Emergência e Prevenção

Os profissionais da CTNA/CRMV-SP dão três dicas simples para que o momento de confraternização não se torne um pesadelo para os tutores.

– Não deixe ovos de Páscoa, bombons e outros produtos que contenham chocolate em locais acessíveis a cães e gatos;

– Alerte a todos da família, especialmente idosos e crianças, sobre o perigo de oferecer chocolate aos pets;

– Se o seu cão ou gato ingerir chocolate que possa ter sido deixado em local de fácil acesso, o caso deve ser tratado como emergência e o animal levado ao médico-veterinário imediatamente. O profissional fará uma avaliação clínica e dará os primeiros socorros.

Relacionadas

Dois cães, sendo um poodle e um sem raça definida, e um gato siamês.
IMG_5634
Em um cenário de enchente na cidade de Santa Maria, um cachorro pastor alemão é resgatado por dois homens
A foto mostra um rapaz segurando um cão e ao lados deles está outro rapaz segurando uma agulha.

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40