A força da pecuária dá lugar de destaque ao couro, produto importante na economia brasileira, mas que ainda peca na qualidade. Na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos, uma pesquisa quer mostrar o caminho para mudar essa história. As experiências são feitas com peles de bovinos e ovinos.
As mudanças precisam começar no campo. Não se deve usar arame farpado ou pontas de pregos nas cercas. Os parafusos devem ser embutidos na madeira para não ferir os animais. Cuidados com as infestações de bernes e carrapatos e outros problemas que podem deixar marcas na pele também são necessários.
Segundo o pesquisador da Embrapa Manuel Jacinto, a pele do animal é como um arquivo. Existem parasitas que são grandes responsáveis pelas marcas dos couros, além das marcas de manejo, como riscos, arranhões. “Tem também aquela marca que é colocada pelo proprietário, e que normalmente é feita no local errado. O ideal seria abaixo das articulações, na cara ou no cupim”.
O pesquisador também estuda o curtimento das peles para tentar reduzir os impactos ambientais do processo. A água é reutilizada e passa por etapas de tratamento em tonéis antes do reuso.
Outra medida é testar alternativas para substituir o cromo. Nos métodos tradicionais, os curtumes usam o metal para aumentar a qualidade do produto. Para substituí-lo, seriam usados taninos derivados da acássia ou taninos sintéticos, menos poluentes e até mais baratos. “O mercado europeu já é resistente e hoje exige que os produtos sejam metal free. Não se pode usar cromo, alumínio ou qualquer outro metal no curtimento”, diz o pesquisador. Os testes mostram resultados importantes, boa maciez e maior resistência.
Em outra etapa da pesquisa, foi desenvolvido um programa de computador que classifica a qualidade do couro. Atualmente, essa avaliação ainda é feita a olho por técnicos dos curtumes. O pagamento é feito por peça e o pecuarista que tem um produto melhor não recebe nada a mais por isso. Com o equipamento, o processo deve ser muito mais preciso.
Jacinto explica que outra ideia do projeto seria promover a rastreabilidade das peles, desde o produtor até o curtume. “Isso serviria para bonificar o produtor que entregasse uma pele de boa qualidade para ser curtida”.
Fonte: EPTV (acessado em 03/12/10)