No dia 29 de setembro, celebra-se o Dia Mundial do Coração, data que chama atenção para a principal causa de morte no mundo: as doenças cardiovasculares. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estima-se que, somente em 2015, mais de 17 milhões de pessoas morreram por essas enfermidades. Entre os animais também são comuns, em especial nos pets idosos.
O médico-veterinário Thomas Marzano, presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), destaca que a degeneração das válvulas cardíacas, por exemplo, acomete 85% dos animais com mais de 13 anos.
De acordo com a médica-veterinária Maria Cristina Reiter Timponi, presidente da Comissão de Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo do CRMV-SP, alguns sintomas podem servir de alerta para os tutores de que a saúde do coração de seus pets necessita de atenção.
“Os cães e gatos apresentam sintomas como dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta), falta de ar, cansaço, tosse que parece mais um engasgo, intolerância ao exercício, língua roxa (resultante da falta de oxigenação), desmaio e tonturas”, descreve a profissional.
Diagnóstico e fatores de risco
Para o diagnóstico e o traçado de um panorama de fatores de predisposição, como genética de raça ou familiar, idade, obesidade e falta de exercício, as visitas ao médico-veterinário são essenciais. “Numa consulta de rotina, o profissional pode detectar o sopro cardíaco e arritmia pela auscultação e sintomas. E com exames complementares é possível detectar com precisão os problemas cardíacos”, explica Cristina.
Para melhorar a qualidade de vida de seus pets, os tutores devem estimular exercícios regulares e fornecer uma alimentação saudável e na quantidade correta, para evitar a obesidade e o excesso de colesterol e triglicérides.
Doenças cardiovasculares mais comuns
De acordo Cristina, as enfermidades mais frequentes nos pets são relacionadas à degeneração das válvulas cardíacas. “Problemas na válvula mitral são comuns e são a maior causa do chamado sopro cardíaco. Por conta da válvula degenerada não ser capaz de vedar a passagem do sangue há um refluxo dos átrios aos ventrículos, que pode levar a insuficiência cardíaca.”
Outras doenças cardiovasculares frequentes são: dirofilariose (popularmente chamada de verme do coração), insuficiência cardíaca congestiva (especialmente em cães) e cardiomiopatia dilatada hipertrófica (principalmente entre os gatos), além da degeneração da válvula tricúspide.
Medidas preventivas
Marzano ressalta que existem algumas raças mais predispostas a alterações cardiovasculares. “Cães das raças doberman e boxer, por exemplo, tendem a manifestar mais cedo arritmias graves. Sabendo que a raça do animal tem predisposição a ter doenças cardíacas, o mais importante é fazer sempre check-up para diagnosticar e acompanhar precocemente”, alerta.
Cristina destaca que quanto mais cedo for o diagnóstico, maior longevidade e qualidade de vida o pet terá. Nem todas as disfunções cardíacas necessitarão de tratamento imediato, mas são um indício para monitoramento frequente, se possível a cada seis meses. “Já quando a insuficiência cardíaca está instalada, medicamentos sob orientação médica-veterinária deverão ser usados para reduzir a sobrecarga ao órgão.”
QUADRO DE DESTAQUE
Título de especialista
A partir da Resolução nº 1.140/17, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) habilitou a Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária (SBCV) para a concessão do Título de Especialista em Cardiologia Veterinária. O profissional especializado na área pode realizar atendimento clínico-cardiológico de cães e gatos, além de outras espécies animais, como cavalos e silvestres. Tendo o certificado emitido pela entidade habilitada junto ao CFMV, o profissional deverá requerer o registro do título de especialista junto ao CRMV-SP.