A castração é o método mais eficaz e saudável de controle de reprodução de cães e gatos e uma forma consciente de reduzir o número de animais de rua. O procedimento também ajuda a diminuir consideravelmente a possibilidade do bichinho vir a contrair câncer de mama, útero, próstata e ainda prolonga a expectativa de vida.
Por conta dos inúmeros benefícios, o aumento da procura e a popularização do método fez crescer a quantidade de campanhas de castração, mutirão e profissionais “aptos” a realizar cirurgias. Porém, alguns cuidados devem ser tomados pelos donos dos animais. “Os mutirões têm ocorrido com maior freqüência. Muitos deles, porém, são realizados sem que seja respeitada a respectiva normatização”, disse o assessor técnico do CRMV-SP, médico-veterinário Leonardo Burlini.
Pode parecer um processo simples, mas não é. A escolha pelo anestésico mais adequado ao perfil e ao volume de trabalho, a higienização, a opção pela qualidade dos medicamentos, pela segurança e pelo bem-estar do animal são alguns pontos imprescindíveis para o sucesso da cirurgia. Nos mutirões, os médicos-veterinários são os profissionais capacitados por orientar e coordenar os procedimentos. “É ele que acompanha as condições de execução dos métodos no dia do evento e é o responsável técnico por todo o mutirão perante o CRMV-SP”, explica Burlini.
Durante a palestra “Dez passos para aprovar mutirões de castração”, realizada na tarde de terça-feira, dia 30, no Mini Auditório do CRMV-SP na Pet South América 2016, o veterinário falou sobre legislação e os pontos essenciais para ter um projeto aprovado pelo Conselho. “Estes programas fazem parte de uma política de saúde pública e de bem-estar dos animais e da sociedade, por isso, devem ser realizados sob condições adequadas”, conta.
Tais ações são importantes e necessárias para que seja feita a coleta, mapeamento e gerenciamento de dados populacionais e de saúde sobre a população canina e felina. No período de abril de 2015 a fevereiro deste ano, o assessor analisou 43 projetos de mutirão submetidos ao CRMV-SP, dos quais apenas nove foram aprovados. Os outros 34 foram devolvidos aos solicitantes para reformulação. “A maioria apresentou mais de uma inconformidade”, explicou.
A principal deficiência dos projetos (83,72% dos pedidos) foi a falta de informação sobre os equipamentos e materiais necessários para a realização dos procedimentos cirúrgicos. “O projeto deve listar todos os materiais necessários ao setor cirúrgico descritos na legislação: aspirador cirúrgico, laringoscópio, bem como, os equipamentos para anestesia inalatória e monitoração anestésica”, listou Burlini.
A ausência de informação sobre estabelecimentos médico-veterinários vinculada ao projeto para encaminhamento dos animais em casos de urgência ou emergência também foi responsável por diversas devolutivas. “Sempre existe o risco de uma complicação que não possa ser resolvida no local definido para o mutirão. Neste caso, para onde serão encaminhados os animais?”, questionou.
Entregar a documentação completa é uma das orientações chave. Ela deve possuir formulários completos e documentação que comprove o envolvimento de instituição pública, conforme a resolução do CFMV 962/10. É importante que o responsável pelo mutirão leia com calma a resolução 1015/12, que especifica as instalações, equipamentos e materiais necessários para a realização de procedimentos cirúrgicos.
