Além das flores, a chegada da primavera também traz fatores que podem afetar diretamente a saúde e o comportamento dos pets. Com o aumento da temperatura, da umidade e da presença de insetos, cães e gatos também ficam mais suscetíveis a alergias respiratórias e de pele, infecções e infestações por endo e ectoparasitas.
Segundo a médica-veterinária e presidente da Comissão Técnica de Animais de Companhia do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Sibele Konno, os ciclos reprodutivos de cães não sofrem influência da estação, diferente de outras espécies que sofrem influência da glândula pineal, como os felinos que, ao serem expostos a uma maior quantidade de luminosidade diária, podem ter o cio induzido.
No entanto, o aumento da temperatura pode impactar diretamente o bem-estar e a saúde dos animais, exigindo atenção especial dos responsáveis. “Com o calor, cães e gatos tendem a ficar mais ofegantes e a buscar locais de sombra para se proteger do sol intenso”, explica Sibele.
Na primavera, a maior concentração de pólen no ar, decorrente da floração, pode causar também crises alérgicas em animais predispostos. Nesses casos, o médico-veterinário dermatologista, Leandro Haroutune Hassesian Galati, recomenda como essencial o acompanhamento médico-veterinário para definir o melhor tratamento e controle das reações. Além das alergias respiratórios, são frequentes as dermatites.
Por serem naturalmente curiosos, os pets exigem atenção redobrada em relação ao contato com polinizadores, como abelhas, borboletas e beija-flores, além da ingestão de plantas e flores, já que muitas são atrativas, mas podem ser igualmente tóxicas para os animais.
Doenças mais comuns na primavera
A estação favorece o surgimento de doenças alérgicas, respiratórias, de pele e, ainda, as transmitidas por vetores. O aumento da presença de insetos e pragas, eleva os riscos à saúde dos pets, ressalta a presidente da Comissão Técnica de Animais de Companhia do CRMV-SP.
“O calor favorece a reprodução e a sobrevivência de insetos, como pulgas e mosquitos, além de outros ectoparasitas, como o carrapato. Já o aumento da umidade permite que formas larvais e oocistos de endoparasitas permaneçam viáveis por mais tempo no solo, ampliando a chance de infecção nos animais”, explica Sibele.
Segundo Galati, nessa época do ano as doenças transmitidas por vetores são uma das principais causas de atendimentos clínicos e a forma mais eficaz de proteção é o uso regular de antiparasitários sob orientação de um médico-veterinário.
Entre as enfermidades mais preocupantes nesse período estão:
- Erliquiose (doença do carrapato): zoonose que afeta, principalmente, cães. Compromete o sistema imunológico e as células sanguíneas. Os sinais clínicos incluem febre, apatia, aumento dos gânglios, sangramentos nasais, gengivais ou urinários.
- Babesiose: transmitida, especialmente, pelo carrapato-marrom (Rhipicephalus sanguineus). Pode causar febre alta, fraqueza, mucosas pálidas, perda de apetite e urina escura.
- Leishmaniose: doença infecciosa causada por um protozoário e transmitida pela picada do mosquito-palha (birigui ou asa-dura). Entre os sinais clínicos estão perda progressiva de peso, feridas que não cicatrizam, queda de pelos e crescimento anormal das garras.
- Dirofilariose (verme do coração): causada pelo parasita Dirofilaria immitis, transmitido por mosquitos. Afeta o coração e as artérias pulmonares dos cães (em casos raros, também pode atingir os felinos). Os sintomas incluem tosse seca persistente, cansaço fácil, falta de ar, perda de peso e abdômen inchado.
- Leptospirose: doença infecciosa causada pela Leptospira sp. É uma zoonose que afeta os cães e pode levar a alterações renais, hepáticas, pulmonares e de coagulação. Os sinais clínicos podem ser inespecíficos, como vômitos e diarreia, até mais específicos, como icterícia, poliúria/polidipsia. Neste caso, o aumento de incidência pode ser devido ao acúmulo de água de chuva com acesso a urina de animais infectados, como os ratos. A prevenção é feita através da vacinação e cuidados ambientais.

Os responsáveis devem observar sinais como coceira, vermelhidão, espirros, feridas e mudanças de comportamento. Esses sinais podem indicar alergias, picadas ou infestações parasitárias.
Com os cuidados preventivos adequados e acompanhamento médico-veterinário regular, a primavera pode ser aproveitada com segurança por cães e gatos, preservando sua saúde e bem-estar.