O horizonte da pecuária
e do confinamento é bom para o Brasil, principalmente devido aos problemas
vividos pelos vizinhos argentinos, segundo Luciano Vacari,
da Acrimat. Tradicionais fornecedores mundiais de
carne, os argentinos estão cada vez mais na iminência de importar carne
bovina.
Os dados mais recentes da Federação Agrária Argentina indicam que o rebanho
do país deve recuar para apenas 47,9 milhões de cabeças na passagem deste ano
para o próximo, 7,4 milhões a menos do que em 2008. Se isso ocorrer, o
rebanho voltaria ao patamar da primeira parte da década de 60.
Além dessa perda, atribuída a secas e a políticas
erradas do governo, a federação destaca a diferença da produção atual com a
da década de 60, quando os rebanhos estavam próximos de Buenos Aires.
Com o avanço da safra de grãos no país, o gado está sendo deslocado
para o norte, área de custo maior e rentabilidade menor.
Juan Lebrón, diretor da Assocon
(reúne os grandes confinadores), também alerta para esse detalhe. A mudança
de local exige um gado diferente, o que pode provocar mudança na qualidade da
carne.
Essa mudança de cenário significa oportunidades para o Brasil, diz Lebrón, mas o Uruguai também está aproveitando bem essa
chance. Sem grande mercado interno, o país se prepara para oferecer carne de
qualidade para o mercado externo.
Vacari também destaca as oportunidades que a crise
traz não só a Mato Grosso, o maior rebanho nacional, mas ao Brasil.
Lebrón diz que "é inacreditável ver a
Argentina importar carne", uma possibilidade admitida pela própria
Federação Agropecuária Argentina.
A combinação de rebanho menor e queda na produção pode levar à importação se
o consumo de carne continuar em 68 quilos per capita, segundo a FAA.
Fonte: Folha de S. Paulo, acesso em
16/06/2009