Programa de distribuição de sêmen melhora genética do gado

Um programa gratuito de melhoramento genético, da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, em parceria com a Embrapa Gado de Leite, ajuda produtores de leite a aumentar a produtividade do rebanho. Os técnicos visitam as fazendas uma vez por ano para inseminar e coletar dados das bezerras nascidas.

O carro que apontou no meio da estrada de terra levava uma encomenda bastante aguardada na fazenda. No botijão, que a pecuarista Maria Inês Cruvinel ajudou a levar até o curral, estavam 50 doses de sêmen de touros girolando, que iriam inseminar 25 matrizes da mesma raça. Ela faz parte de um programa da Associação dos Criadores de avaliação genética que utiliza o chamado teste de progênie. “Fez diferença no resultado. Tive boas vacas”, diz Maria Inês.

A pecuarista tinha poucos recursos para investir em genética. Mas em 1998, descobriu que poderia melhorar o rebanho sem gastar nada a mais.

O processo não tem custo para a pecuarista porque a fazenda foi incluída em um programa de distribuição de sêmen da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. A propriedade se transformou em um rebanho colaborador. É uma espécie de centro de estudos que ajuda a mapear o melhoramento genético da raça.

O girolando surgiu do cruzamento da raça gir, que é zebuína, com a holandesa, que é europeia. Do gir, os animais herdaram a rusticidade e a resistência ao calor. Da holandesa, veio a boa capacidade leiteira. Para melhorar ainda mais a nova raça, a Associação de Criadores começou a aplicar, a partir de 1997, um teste para selecionar os melhores reprodutores e matrizes. Os estudos começam nas centrais genéticas.

“Existem alguns requisitos para o touro entrar no programa. Dentre eles, está a lactação da mãe e das avós. Procuramos lactações superiores, de animais filhos de mães produtores com lactações altas”, explica o veterinário Marcello Cembranelli.

A seleção é feita uma vez por ano. Na última vez, dos 65 touros inscritos, apenas 19 foram selecionados. Na central, em Uberaba (MG), estão os animais que já se habituaram a passar pelo processo de coleta de sêmen. Com a ajuda de uma vaca, chamada de manequim, os tratadores estimulam a monta e em poucos minutos o material está dentro do frasco.

Tudo começa com a contagem dos espermatozoides. “Avaliamos a qualidade do sêmen para fertilidade, a mobilidade, o número de espermatozóides que se movimentam para frente e a morfologia, para verificar se o sêmen não tem defeitos de cabeça ou de cauda. Tudo isso é importante porque quanto melhor a qualidade do sêmen, melhor será a fertilidade na hora da inseminação”, explica o gerente do laboratório, Neimar Severo.

A única exigência do programa é que o dono da propriedade fique com os animais até o fim da primeira lactação, ou seja, por pelo menos quatro anos.

Depois de quase 13 anos dentro do programa, Maria Inês têm bons números para mostrar. Atualmente, a produção diária de leite na fazenda é de 1,6 mil litros, com uma média de 20 litros por vaca. Com esses resultados, ela não hesita em recomendar o programa para outros pequenos criadores.

“Primeiro porque o criador vai ter uma genealogia nova no rebanho dele. Segundo porque acho que todo mundo que mexe com gado tem que dar a sua parcela de colaboração. Se a gente não recebe o sêmen do teste de progênie, como vamos provar que o touro é bom? Não tem outra maneira”, justifica ela.

Fonte: Olhar Direto (acessado em 28/03/11)

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