Com a possibilidade de uso da terra pela agricultura intensificada e pela silvicultura, a necessidade de investimento em pastagens também está ganhando força. Por isso, a pesquisa de melhoramento da fertilidade do solo através da adubação associado ao manejo de pastos busca o maior aproveitamento das forragens produzidas. O professor do departamento de zootecnia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP, Moacyr Corsi, coordena um projeto que tem como objetivo orientar os pecuaristas sobre o aproveitamento do capim Tanzânia na alimentação animal.
Ao contrário dos sistemas agrícolas, que, com máquinas eficientes, garantem perdas inferiores a 3% da produção, nem sempre a qualidade e quantidade de pastagens se convertem em carne e leite. Para modificar essa ideia, a alternativa é combinar a adubação e o manejo. A escolha pelo Tanzânia foi feita por conta da existência do capim na região do entorno de Piracicaba (SP) há cerca de dez anos, o que garante pastagens mais estáveis e a redução do tempo de pesquisa. Com alto potencial, a espécie se adequou perfeitamente aos objetivos do experimento, que tem sido aplicado também em outros Estados, como Goiás e Minas Gerais.
“O nível de produção depende da fertilidade inicial do terreno e de sua estrutura. Existem solos que são arenosos e, com isso, o índice de fertilidade precisa ser aumentado com certo cuidado, pois depende bastante do acúmulo de matéria orgânica. No início do processo, a adubação deve ser leve nesse tipo de solo. Em territórios mais argilosos, as adubações já são mais concentradas. Evidentemente, os resultados são diferentes nesse princípio, o que acaba mudando depois de certo tempo, visto que a produtividade de ambos se aproxima”, ressalta Corsi.
Em terrenos argilosos, os adubos precisam ser aplicados anualmente com cerca de 300 kg de nitrogênio por hectare. Depois, é preciso atingir a saturação no solo com a calagem em torno de 75% a 80%, níveis de fósforo de 20 PPM e de potássio, de 3% a 5%, dependendo da intensificação da produção. O professor do Departamento de Zootecnia da Esalq ainda comenta que os agropecuaristas podem imaginar que esses são valores altos para pastagens. Porém, ele afirma que os resultados são satisfatórios.
“Na fertilidade natural, raramente conseguimos 0,8 unidade de animais por hectare, o que corresponde a aproximadamente uma cabeça ao ano. Com a pesquisa implantada, esse número aumenta cerca de sete vezes. As respostas em termos de produtividade de carne ou ganho de peso são consideráveis. Enquanto no sistema tradicional se produz cinco arrobas por hectare, nosso sistema produz 55 arrobas. Assim, o que parece ser tão caro torna-se mais barato”, diz o pesquisador.
Em solos arenosos, a fertilização deve ser gradativa. O motivo é a dificuldade de associação com as técnicas de manejo. Afinal, o pecuarista tem que levar em consideração os custos das aplicações e o manejo para não perder as forragens. Uma das grandes vantagens do estudo, iniciado ainda na década de 70 com a meta de equiparar a lucratividade da pecuária com o plantio de cana-de-açúcar e milho, entre outros. O professor afirma que, após as avaliações, a rentabilidade da criação de animais pode, sim, ser igual à da agricultura, principalmente com inovações tecnológicas na interpretação dos nutrientes necessários ao enriquecimento do solo, no manejo das pastagens e nos aspectos de melhoramento genético e sanidade animal.
Fonte: Portal do Agronegócio (acessado em 28/01/11)