Foi com grande inquietação que este Conselho recebeu do Instituto Biológico (IB) informação sobre a queda na procura de antígenos para diagnóstico de brucelose em bovinos e bubalinos por parte da classe médico-veterinária.
A queda no número de exames realizados é uma grande preocupação de saúde pública, uma vez que a brucelose é uma zoonose de importância mundial. Adicionalmente, há de se considerar também o grande impacto econômico causado pela doença em bovinos e bubalinos, gerando perdas e gastos para a pecuária nacional.
O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) tem por objetivo reduzir a prevalência e a incidência dessas doenças em bovinos e bubalinos, visando a erradicação.
A brucelose, causada pela Brucella abortus, vem sendo registrada em todo território nacional, conforme verificado em estudos de caracterização epidemiológica padronizados realizados em diversos estados do país, inclusive em São Paulo.
Saneamento de focos obrigatório
Com base na classificação de risco das unidades federativas, o saneamento de focos dessa doença será obrigatório e deverá ser realizado por médico-veterinário habilitado e fiscalizado pelo serviço veterinário oficial.
Os principais segmentos envolvidos no PNCEBT são: o serviço veterinário oficial – SVO, o médico-veterinário cadastrado para realização da vacinação contra brucelose, o médico-veterinário habilitado pelo SVO para realizar testes diagnósticos para brucelose e tuberculose e o setor produtivo, que desenvolvem atividades fundamentais para a melhoria da situação sanitária do país.
Nesse contexto, é importante reforçar que a erradicação da brucelose depende da eliminação dos casos positivos e isso só é possível por meio da realização de diagnóstico. A vacinação é uma importante ferramenta, mas não a única. Sem o diagnóstico não alcançaremos o status de país livre da brucelose.
Procura diminui a cada ano
De acordo com o IB, a procura de antígenos para diagnóstico de brucelose em bovinos e bubalinos por parte dos médicos-veterinários, nos últimos dois anos, diminuiu consideravelmente e em 2019 tem caído ainda mais. O IB relatou que no ano de 2016 foi responsável pela distribuição de 2 milhões de doses de antígenos, já em 2017 e 2018 a distribuição caiu para 1 milhão de doses em cada ano.
Nesse cenário, cabe registrar que a demanda estimada pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é de 5,1 milhões de doses. O IB projeta que em 2019 a distribuição será ainda menor. Segundo a Instituição, os revendedores afirmam que o médico-veterinário não compra o produto.
Queda no número de exames
Ainda, conforme informado pelo IB, relatórios do Mapa demonstram a queda no número de exames realizados. Diante do exposto, o CRMV-SP, em atenção à sua missão, vem alertar os colegas médicos-veterinários acerca da necessidade da contínua observação ao PNCEBT.
Lembramos que há quantitativo de antígenos para diagnóstico de brucelose em bovinos e bubalinos à disposição para comercialização, como os produzidos pelo IB, por exemplo. Contamos com a compreensão, colaboração e empenho dos colegas no que diz respeito às ações de controle e erradicação da brucelose animal.