Dos 299 animais disponíveis para adoção nos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) da região, 45 são pit bulls, ou seja, 15% deles. Trata-se de um cão forte, resistente, musculoso, valente e determinado, que muitas vezes é associado à guarda e proteção. Por ter uma fama de mau, os pit bulls têm mais dificuldades de serem adotados que outros cães de raça abandonados.
São Bernardo do Campo é a cidade que atualmente tem mais cães dessa raça aguardando por um lar. Especialistas afirmam que se os pit bulls forem bem tratados, vacinados e alimentados, não são violentos. A convivência com crianças e outros cães é possível, principalmente se forem adotados filhotes.
A gerente de controle de zoonoses do Departamento de Vigilância à Saúde de Santo André, Andréa Sampaio Bonatelli, explicou que o nível de violência depende da forma como o cão é treinado. “Se cresceram solitários, podem ser violentos com outros animais, mas se conviveram com outros bichos, vivem numa boa”, disse.
Ainda segundo Andréa, a raça é brincalhona e pode ser ótima companhia para adultos e crianças.
No CCZ de São Caetano é possível comprovar a essa afirmação. No local, um casal de pit bulls de quatro anos recebeu a equipe de produção com empolgação.
Enquanto eram fotografados, abanavam o rabo e pulavam, querendo brincar. “Eles são dóceis e foram abandonados pelo dono depois que ele foi despejado”, explicou o veterinário Fábio Agostini.
Para o veterinário, os pit bulls sofrem hoje o mesmo preconceito que os dobermans sofreram no passado. “A força desses cães é descomunal, e alguns acidentes podem ser fatais. Mas estatisticamente a raça que mais morde é o dachshund, o salsicha. Porém, a proporção do estrago é menor porque é um cão de porte pequeno.”
Experiência
A professora universitária e jornalista, Marli dos Santos, é adepta do pit bull como cão de companhia. Ela é dona de Olga, uma fêmea de três anos, e há dois meses adotou Max, um cachorro da mesma raça. “Eles são animais fortes e musculosos. Se você treina para ser agressivo, ele pode ser uma máquina mortífera, mas eu criei com afeto, amor e carinho e eles são supergentis”, disse.
Porém, nem todas as pessoas pensam como Marli. Os vizinhos já reclamaram dos cachorros várias vezes e eles só saem para passear de focinheira. “Eles discriminam a raça, coisa de quem não conhece. Infelizmente tenho de lidar com isso”, lamentou. Mas a professora afirma que o esforço compensa.
Fonte: Diário do Grande ABC (acessado em 24/02/11)