Um encontro realizado ontem à tarde na CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil reuniu pesquisadores da área ambiental e representantes de entidades de produtores rurais de vários Estados brasileiros em torno do tema aquecimento global.
Promovida pelo Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte e Comissão Nacional do Meio Ambiente da CNA, a reunião formalizou os debates promovidos pela entidade em torno dos índices de emissão de GEE’s – Gases de Efeito Estufa atribuídos à pecuária nacional.
De acordo com os estudos apresentados pelos pesquisadores Luiz Gustavo Barioni e Magda Lima, ambos da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, e Dante Pazzanese Lana, da Esalq – Escola Superior da Agricultura Luiz de Queiroz, concluiu-se que os índices de emissão de GEE’s atribuídos à pecuária nacional são menores do que os da pecuária européia, por exemplo. O rebanho daquele continente é alimentado com grãos importados de países como o Brasil, acumulando desse modo a emissão de gás carbônico gerada no transporte.
No caso da pecuária brasileira, predomina o sistema de produção a pasto, que apresenta grande potencial de sequestro de carbono, resultando em um balanço líquido de emissões mais favorável ao meio ambiente. Os dados apresentados demonstraram também que por meio de um sistema intensivo de produção a pasto aliado ao confinamento é possível aumentar substancialmente a produtividade da pecuária brasileira, contribuindo para redução da emissão de GEEs e a liberação de grandes áreas de pastagens para outras atividades produtivas, reduzindo a pressão para o desmatamento.
Para o presidente do Fórum, Antenor Nogueira, as pesquisas apresentadas na reunião desmistificam indicações anteriores de que emissão de metano pelo processo digestivo dos animais tem participação elevada no aquecimento do planeta. “Ficou evidente que as características de cada rebanho influenciam no grau de emissão do metano. Não podemos aceitar um cálculo generalizado”, enfatizou Nogueira.
O levantamento dos pesquisadores também demonstrou que a utilização de práticas conjugadas por parte dos produtores pode reduzir ainda mais a contribuição do rebanho nacional para o efeito estufa. Já foi comprovado que a aplicação de técnicas agrosilvopastoris pode aumentar o sequestro e a fixação de carbono no solo, contribuindo para diminuir os efeitos do aquecimento global.
Para o presidente do Fórum, Antenor Nogueira, as áreas de pastagens brasileiras, se bem manejadas, podem servir como mitigadoras do efeito estufa, desde que haja recursos públicos para financiar os investimentos necessários.
Fonte: Portal MS (acessado em 24/02/10)