Fator genético, hormônios e ambiente influenciam
comportamento.
Obesidade deve ser combatida com atividades e alimentação balanceada.
Donos de cães e gatos
buscam na castração a solução para os problemas como a agressividade e o
“namoro” com almofadas e pernas de visitas. No entanto, muitos ficam
indecisos porque temem que os animais entrem em depressão ou sofram com a
cirurgia. O G1 foi tirar dúvidas com veterinários, que são unânimes ao
afirmar que a castração é a melhor maneira de ajudar a evitar comportamentos
inadequados de cães e gatos, além de impedir ninhadas indesejadas e uma série
de doenças.
A médica veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) Junia Maria Cordeiro Menezes ressalta que a cirurgia não deixa
os animais deprimidos ou tristes. Os bichos se tornam mais calmos porque
deixam de disputar fêmeas e marcar território e, no caso de gatos, ficam mais
caseiros.
A veterinária alerta que a cirurgia por si só não vai transformar uma fera em
um cão amigável. Dependendo da idade em que é feita, não é capaz de impedir
que o bicho cole na perna da visita, como se estivesse acasalando.
“Nem todos os problemas podem ser resolvidos em 100% dos casos. Não é só a
castração que vai determinar o comportamento dos bichos. O fator genético, a
quantidade de hormônios e o ambiente em que vivem também influenciam”, diz a
veterinária.
Idade ideal para castração
Cadelas: Segundo Junia, o momento ideal
para castrar cadelas é antes do primeiro cio. A fêmea pode ter mais tendência
a engordar, mas a cirurgia diminui a probabilidade de surgimento de câncer de
mama.
Cães: O cão pode ser castrado com 1 ano, após
atingir a maturidade sexual. Se o cão for muito velho, a cirurgia pode não
ter os benefícios de diminuição de agressividade.
Gatas: Gatas podem ser castradas com até 1
ano, antes do primeiro cio. Segunda Junia, a ovulação é induzida no momento
do coito, então se a fêmea cruzar pode ficar prenha.
Gatos: No caso de gatos, o ideal é esperar até 1
ano, quando o animal atinge a maturidade sexual e tem a uretra totalmente
desenvolvida.
Obesidade
A vida da gata
Sombra, de 4 anos, sofreu uma reviravolta após a
castração. Ela foi operada aos 2 anos, poucos meses
depois de ter a primeira ninhada, e pulou dos três quilos para os atuais sete
quilos.
A estudante de enfermagem Cleidiane Coelho Moreno,
de 23 anos, dona de Sombra, conta que não se arrepende da castração. “O
primeiro objetivo foi evitar mais filhotes. Ganhamos um macho que engravidou
a Sombra logo que chegou. Foi um acidente”, diz.
A professora Rosangela Oliveira Alves, da Escola de Veterinária da
Universidade Federal de Goiás, explica que a castração predispõe à obesidade,
principalmente no caso de felinos, que ficam mais sedentários. “Uma
alternativa é usar ração adequada para animais obesos e dificultar a busca
por alimentos, espalhando porções por vários pontos da casa. Isso vai
estimular a se movimentar mais e gastar mais energia”, diz.
No caso de cães, segundo Junia, a melhor alternativa é controle e a prática
de atividades. “A obesidade hoje é um problema para animais de companhia,
castrados ou não. Os donos associam a afetividade com o ato de alimentar,
então os bichos comem muitos petiscos.”
Cleidiane garante que a gata não ficou com
problemas de mobilidade, apesar do excesso de peso. “Ela continua alegre,
correndo e brincando. De noite, sai um pouco para dar umas voltas pelo
condomínio, mas, quando vamos trancar a porta, ela volta. O comportamento também
não mudou. Ela dorme como antigamente, mas nunca gostou que apertassem sua
barriga”, diz.
Os dois filhos de Sombra, Batatinha e Clara, foram castrados ainda filhotes
não tiveram problemas de peso. E ,ao contrário de Sombra, eles preferem ficar
dentro de casa.
poodle (com pedigree) Cléo Maira Angel Happy Kennel, de 5 anos, foi
outra que engordou bastante depois da castração.
Ela foi submetida à cirurgia com seis meses de idade. Pouco tempo depois,
começou a ficar cada vez mais gordinha e atualmente pesa oito quilos. Com a
castração, segundo os donos, ela ficou bem mais calma, mas não se tornou um
cachorro triste ou deprimido.
Agressividade
A maioria dos cães e gatos fica mais tranquila após
a castração. É normal que os bichos mantenham o comportamento agressivo por
um curto período de tempo depois da castração, por ainda haver muito hormônio
no sangue, mas depois ocorre uma melhora considerável.
A cirurgia, porém, nem sempre terá o benefício que o proprietário espera em
caso de animais mais velhos que adquiriram um comportamento agressivo ao
longo da vida.
“O problema é coibido quando o animal é castrado ainda jovem. Se o animal já
desenvolveu uma agressividade muito grave por não ter vivido em um ambiente
favorável, pode continuar assim independentemente do estímulo hormonal de
defesa de território”, explica Rosângela, professora da UFG.
Doenças
A castração de fêmeas impede distúrbios como a gravidez psicológica e uma
infecção no útero, chamada piometra, que tem como
tratamento a própria cirurgia.
“E quanto mais cedo a fêmea é castrada, menores as
chances de desenvolver câncer nas mamas, que diminui muito a expectativa de
vida do animal”, diz Rosângela.
Fonte: G1, acesso em 08/07/2009