Um barulho esquisito, que parece com o som de um engasgo ou lembra um sufoco, e você prontamente se desespera pensando que o seu cachorrinho vai morrer sem ar. Se você já presenciou a cena mais de uma vez, deve ter pensando que o seu pet estava doente, não é? O estranho é que, logo em seguida, do mesmo jeito que apareceu, esse sintoma vai embora e você fica sem saber o que fazer. Apesar de ser um pouco assustador, esse barulho tem nome: espirro reverso. O problema é mais comum do que muitos imaginam.
De acordo com o médico veterinário Ivan Reis, o episódio pode durar segundos ou minutos. É mais comum em animais jovens, bracefálicos (que têm o focinho achatado, como o pug, o boxer, o shitzu e o buldog) e não pode ser caracterizado como doença.
“Alguns estudos apontam o sintoma como um possível fator genético, principalmente em algumas raças. Mas alergia, poeira, alimentos inadequados e tudo o que pode causar irritação no palato mole e na garganta do pet provoca o espirro reverso, que nada mais é do que a dificuldade do animal para puxar o ar. Tapar levemente o focinho do animal e amaciar a garganta pode aliviar o sintoma”, diz Ivan.
A dona de casa Wânia Pereira diz que desde cedo o poodle Kenay apresentava esses sintomas. “Quando ele era mais novo, quase sempre comia alguma coisa e ficava com dor de barriga ou doente. Por isso, quando ele tinha esses espasmos, achávamos que era algo que ele tinha engolido. Agora sei que não é nenhuma doença.”
Ainda de acordo com o veterinário, cerca de 60% dos cães apresentam o sintoma. Nos felinos, os casos são raros. “Recebo muitas pessoas no consultório relatando algum caso e achando que o animal está doente do coração ou tem outras doenças, mas não é nada patológico”, afirma o veterinário.
Ivan também explica que, quando o animal puxa muito a coleira, pode apresentar o sintoma posteriormente. “O ideal para passeios são as coleiras que pegam o dorso do bichinho (coleiras de barriga).”
Processos também comuns aos seres humanos desencadeiam alergias em cães e gatos. As mais frequentes são as dermatites alérgica de contato, alimentar e por atopia (tudo o que o animal pode inalar).
Ficar atento ao animal e observar se ele está com alguma coceira são dicas importantes para identificar possíveis processos alérgicos.
Cuidados:
* Banhos são indicados apenas uma vez na semana – os animais precisam da oleosidade natural da derme, que os protege de infecções e outras doenças, inclusive alergias.
* Não usar produtos para seres humanos – o PH da derme do animal é diferente do PH da pele do ser humano. Por isso, nenhum tipo de produto usado em humanos – mesmo para bebês – é indicado para os animais.
Fonte: Jornal do Commercio (acessado em 08/11/2011)