O Brasil registrou nos últimos meses os primeiros casos do vírus chikungunya, presente principalmente na África e no Sudeste asiático e transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti
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Dos três infectados, dois são de São Paulo, capital e Tanabi, região norte do Estado, e um do capital do Rio. Todos eles, de acordo com o Ministério da Saúde, contraíram o vírus na Índia ou na Indonésia e só um ainda tem sintomas.
A doença é caracterizada por febre e por fortes dores nas articulações das mãos e dos pés que chegam a durar seis meses e podem dificultar o simples ato de escrever. Vem daí o nome chikungunya, que significa “aqueles que se dobram” em suaíli, um dos idiomas falados na Tanzânia, onde o vírus surgiu em 1952.
O tratamento nesses casos é à base de paracetamol, anti-inflamatórios e corticoides. Em 30% dos casos o paciente não sente nada.
De acordo com o Ministério da Saúde, a letalidade da doença é muito menor que a da dengue e é próxima de zero. A pasta diz que não houve mortes em uma epidemia na Índia que atingiu 1,3 milhão de pessoas em 2006.
O coordenador do Programa de Combate à Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, afirmou que o vírus ainda não circula no Brasil, já que por enquanto todos os casos são importados. Ele não descartou, por outro lado, a possibilidade de isso acontecer, uma vez que há circulação de Aedes aegypti em todas as regiões do País.
O principal receio é que alguém que trouxe o vírus de outro País seja picado pelo mosquito, iniciando uma transmissão em larga escala.
Nos três casos identificados, foi feita uma varredura especial para eliminar larvas do mosquito nos locais que essas pessoas frequentavam.
Para orientar os médicos sobre um vírus inédito, o ministério deve começar a distribuir nas próximas semanas a unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) um guia com orientações sobre a doença elaborado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Diagnóstico
Por enquanto, só o Instituto Evandro Chagas, no Pará, tem reagentes para fazer o diagnóstico no Brasil. Para incluir mais laboratórios, o governo pediu aos EUA um exemplar do vírus para produzir o reagente.
A partir do envio do material pelos EUA, o kit para o diagnóstico ficaria pronto em até um mês.
Quem apresentar os sintomas e tiver viajado para as regiões onde há circulação do vírus, a orientação é procurar o serviço médico. O ministério recomenda o uso de repelentes e mosquiteiros aos brasileiros que viajarem para o Sudeste Asiático e a África.
Perguntas e Respostas
1) De que maneira esse vírus chegou ao Brasil?
Por meio de três pacientes que foram infectados na Ásia (Índia e Indonésia).
2) Como um médico aqui no Brasil pode identificar se é dengue ou o novo vírus?
A característica típica do novo vírus é provocar dores intensas nas articulações, além de sintomas típicos de infecções virais, como febre e dor de cabeça. Se houver suspeita do novo vírus e se o paciente tiver viajado para a Ásia, o médico pode solicitar um exame específico ao Instituto Evandro Chagas.
3) O ciclo de transmissão é o mesmo ciclo da dengue clássica?
O vírus pode ser transmitido pelo mosquito da dengue ou por outro mosquito bem menos comum no Brasil, o Aedes albopictus. Um paciente pode transmitir o vírus a um mosquito que picá-lo até cinco dias depois do período de incubação, que dura de três a sete dias.
4) Qual a letalidade do vírus? Como é realizado o tratamento?
Segundo o Ministério da Saúde, é praticamente zero. No tratamento, são utilizados paracetamol, anti-inflamatórios e, eventualmente, corticoides.
Fonte: Folha de São Paulo (acessado em 09/12/10)