O simples contato com um animal devidamente adestrado e acompanhado por profissionais responsáveis pode melhorar a vida de portadores de enfermidades tão diversas quanto alergia, depressão, paralisia cerebral, câncer, autismo, Alzheimer, síndrome do pânico, Parkinson, transtorno do déficit de atenção e esquizofrenia.
Cães, gatos, aves, cavalos e até répteis podem ser utilizados para auxiliar o trabalho de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiros e médicos. A iniciativa, quando empregada sistematicamente, é chamada de Terapia Assistida por Animal (TAA). Já quando as visitas são esporádicas, mas realizadas sob os mesmos moldes, recebe o nome de Atividade Assistida por Animais (AAA).
Há três anos, os cães fazem parte da equipe de profissionais que acompanham uma parte dos pacientes da Associação para Valorização da Pessoa com Deficiência (Avape), em São Bernardo do Campo. A iniciativa partiu de uma psicóloga da entidade e foi aprovada pela gerente do local, Simone Senna. “Os cães são empregados principalmente quando há uma dificuldade do paciente em aceitar o tratamento e funcionam como uma ponte até o fisioterapeuta ou o psicólogo. Percebemos que a participação do animal acelera o processo terapêutico”, afirma a psicóloga.
O psicólogo da instituição, Klayton Giordani, enumera outros benefícios da interação entre os bichos e seus pacientes. “A partir do contato com os animais, observamos uma melhora na postura física e na capacidade motora de crianças com paralisia cerebral. Ao pentearem o pelo do cão, por exemplo, elas estão fazendo exercícios de fisioterapia. Os animais também são eficazes para aumentar a autoestima e a sociabilidade dessas pessoas, que estão mais acostumadas a receberem comandos do que a darem ordens”.
Mas a prática envolve certos cuidados. Para se tornar um “terapeuta”, o animal não pode apresentar nenhum traço de agressividade e passar por um adestramento específico. Segundo a psicóloga do Projeto Pelo Próximo, do Rio de Janeiro, Roberta Araújo, os animais também devem ser examinados por um médico veterinário, vermifugados e estar com todas as vacinas em dia, além de banho tomado e unhas cortadas. Entre os locais visitados pelos 17 cães e pelas três aves do programa, está a Obra Social Dona Meca, no bairro carioca de Jacarepaguá.
“O bicho tem que ser dócil a ponto de não revidar nem mesmo um gesto agressivo, o que é até bastante comum de acontecer na interação com pacientes de Alzheimer e de autismo. Nesses casos, a única reação aceitável é se afastar para não ser agredido novamente. Mais do que isso, o animal deve ter um olhar muito amoroso para com aquele que o agrediu”, diz Roberta.
Além da área da saúde, há outros ambientes de trabalho para os voluntários do reino animal. “Podem ser utilizados também em escolas, pois ajudam crianças com dificuldade em aprendizado, entre outras situações”, afirma a adestradora e consultora comportamental da ONG Cão Cidadão, Tatiane Ichitani.
Fonte: R7 (acessado em 18/08/10)