Treino do cão-guia atribui capacidade de desobediência por segurança

Dia Internacional do Cão-guia, celebrado sempre na última quarta-feira de abril, homenageia estes animais
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Carlos Asanuma

Não por acaso os cães-guia têm uma data no calendário para chamarem de sua. Dentre os diversos serviços desempenhados por cachorros, a exemplo dos farejadores, de guarda e de salvamento, o cão-guia se destaca por suas particularidades, como a aptidão de não atender a um comando se considerar que há risco à pessoa com deficiência visual.

“Eles são capazes de realizar atos que chamamos de ‘desobediência inteligente’”, explica Daniela Covács, de 41 anos. Funcionária pública com atuação na área de acessibilidade e inclusão social, ela perdeu a visão por volta dos 26 anos, devido a uma doença congênita.

Uma situação vivenciada por ela com seu primeiro cão-guia, Basher, ilustra esta desobediência, uma medida de segurança possível graças ao treinamento recebido pelo animal. “Passando por uma rua perto de casa, como fazíamos sempre, sinalizei para atravessarmos a pista. Estava tranquilo, mas o Basher não atendeu, posicionou o corpo na minha frente quanto percebeu um carro que surgiu de repente.”

Nesta ocasião, o Basher chegou a ser atingido pelo carro. Levado para atendimento médico-veterinário, um problema foi identificado em uma das patas, porém, nada grave. “Ainda assim, foi um grande abalo para mim, pela preocupação com ele e por perceber que ele evitou que eu fosse atingida. Ele me salvou.”

Caso semelhante

O episódio de Daniela com Basher, embora em uma situação de rotina, pode ser comparado ao vivenciado pelo autor do livro “Adorável Heroína”, Michael Hingson, no qual narra a experiência de ter sobrevivido ao ataque às torres gêmeas com sua então cão-guia, Roselle.

Eles saíram do 78º andar da torre norte do World Trade Center pelas escadas de emergência antes do desabamento e, quando chegaram do lado de fora, fugindo da nuvem de fumaça, foram parar na estação de metrô. Ao receber o comando para ir adiante, a cadela insistiu em bloquear a caminhada. Foi então que Hingson verificou que, à frente, estava o grande vão com os trilhos dos trens.

Inclusão

Atualmente Daniela conta com a parceria do seu segundo cão-guia, Ollie, de 5 anos, companheiro que chegou à sua vida após a aposentadoria de Basher, que trabalhou até os oito anos de idade e faleceu aos 11. Segundo ela, as dificuldades que enfrentou ao perder a visão por completo foram contornadas de uma forma transformadora a partir destes animais.

“Hoje tenho autonomia e independência. Eles nos trazem um mundo novo de parceria, afeto e inclusão social!”, enfatiza Daniela, que ainda frisa o impacto positivo para que ela conseguisse seguir a vida e que a motivou, inclusive, a escrever o livro Anjo de Patas, narrando experiências com Basher.

Missão social

Presidente da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a médica-veterinária Cristiane Schilbach Pizzutto considera fascinante a complexidade do treinamento dos cães-guia, que atribui características comportamentais específicas a estes animais.

“Eles prestam um serviço não apenas para pessoas com deficiência visual, mas para a sociedade, ao promover integração social e qualidade de vida. É como se estes animais retirassem barreiras e criassem pontes para as vivências destas pessoas. É fantástico!”, frisa Cristiane.

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