Os tubarões são criaturas primitivas, mas seus corpos produzem uma substância sofisticada que demonstra ter características promissoras no combate a um amplo leque de vírus que atacam os seres humanos, da hepatite à febre amarela, informaram cientistas em um estudo divulgado nesta segunda-feira (19).
O composto, denominado esqualamina, foi descoberto em 1993, mas o estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academies of Sciences, é o primeiro a explorar seu potencial uso contra vírus humanos.
Os cientistas testaram a esqualamina, produzida a partir do fígado do cação-espinho (Squalus acanthias), em laboratório e em cobaias. Eles descobriram que a substância inibe ou controla infecções virais e em alguns casos pareceu curar os animais dos males que sofriam. A esqualamina foi sintetizada em laboratório em 1995 e não é mais extraída dos tubarões.
O projeto começou quando o chefe das pesquisas, Michael Zasloff, professor de cirurgia e pediatria do Centro Médico da Universidade de Georgetown, enviou amostras de esqualamina a uma série de laboratórios ao redor dos Estados Unidos para teste.
As culturas de tecido mostraram que a substância é capaz de “inibir a infecção de células humanas de vasos sanguíneos pelo vírus da dengue e de células do fígado de se infectarem com hepapite B e D”, destacou o estudo.
Pesquisas feitas em animais demonstraram que o composto controlou a febre amarela, o vírus da encefalite equina oriental e o citomegalovírus murino, um tipo de vírus herpes que afeta roedores.
“É, claramente, uma droga promissora, e diferente em seu mecanismo de ação e estrutura química, de qualquer outra substância atualmente investigada para tratar infecções virais. Nós ainda não otimizamos a dose de esqualamina em quaisquer dos modelos animais que estudamos e, assim, ainda não conhecemos os benefícios máximos terapêuticos e protetores que podem ser ativados nestes sistemas. Mas estamos suficientemente convencidos da promessa da esqualamina como agente antiviral e por isso pretendemos levar este composto aos humanos”, diz Zasloff.
A esqualamina é segura para uso em humanos e tem sido considerada uma ferramenta em potencial para combater o câncer e doenças oculares. Alguns testes clínicos para este fim estão em andamento. “Em alguns dos testes iniciais, a esqualamina demonstrou uma atividade significativa e promissora, tanto em algumas formas de câncer quanto na retinopatia diabética”, explica o chefe das pesquisas.
O cientista descobriu a esqualamina em 1993 e também é conhecido por suas pesquisas sobre as propriedades antibióticas naturais da pele do sapo.
Fonte: R7 (acessado em 20/09/2011)