Vacina contra papilomatose está quase pronta

Cerca de nove meses depois do início dos testes clínicos pilotos, a primeira vacina contra a papilomatose bovina, doença conhecida como verrugose ou figueira, tem apresentado resultados promissores. “Embora os testes clínicos ainda precisem ser ampliados, pode-se dizer que a vacina está pronta”, afirma a pesquisadora Dra. Rita de Cassia Stocco, do Laboratório de Genética do Instituto Butantã. O trabalho de pesquisa sobre a doença é uma parceria entre o Laboratório de Genética do instituto, Instituto Biológico, Instituto de Zootecnia, Faculdade de Medicina Veterinária da USP e Universidades Federais de Pernambuco, Sergipe e Ouro Preto (MG).

Os testes clínicos são realizados no IZ, em Nova Odessa (SP), em cerca de 40 animais, entre novilhas leiteiras e bezerros. “No teste piloto, estamos verificando a efetividade da vacina”, diz a pesquisadora. Junto com o pesquisador Willy Beçak, Dra. Rita, bióloga com mestrado e doutorado em Genética, estuda a papilomatose bovina há mais de 20 anos.

A vacina foi desenvolvida a partir de proteínas do próprio vírus da doença e deverá imunizar o animal contra pelo menos três tipos de vírus da papilomatose bovina – há, segundo ela, um total de dez tipos descritos. “A vacina imunizará contra os tipos 1, 2 e 4, que estão bem caracterizados e são agressivos. Em mais de 3 mil animais avaliados ao longo de todos os anos de pesquisa todo animal contaminado tinha ao menos um desses três tipos virais”, afirma.

Ainda que a vacina seja uma boa notícia para produtores, ela terá caráter preventivo. “A vacina não faz milagre, deve integrar o manejo do rebanho, que inclui cuidados de higiene, separação de animais doentes e nutrição balanceada. Como com qualquer outra doença, o manejo afeta diretamente a sanidade dos animais”.

Embora não haja estimativa do porcentual de animais infectados pela doença, o Laboratório de Genética do Butantã calcula que 60% do rebanho brasileiro esteja contaminado. “Como não é doença de notificação obrigatória, não há dados consolidados sobre a presença da doença”, diz a pesquisadora.

No campo, sem uma solução para o aparecimento das lesões, é comum criadores adotarem métodos alternativos (Veja quadro), que, conforme a pesquisadora, não são apropriados e não têm comprovação científica. “A papilomatose é uma doença autolimitante e as verrugas podem cair naturalmente”, explica, acrescentando que pode acontecer de o produtor achar que determinado tratamento empírico funcionou.

O projeto de pesquisa sobre a doença recebeu recursos do CNPq, por meio da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), e da Fapesp. O convênio com o CNPq termina este ano, em outubro, após quatro anos. O desafio, agora, é obter recursos para dar continuidade aos testes clínicos e transferir a tecnologia para uma escala industrial. O Butantã já está em contato com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan) e com o Ministério da Agricultura. “Todos estão animados, mas precisamos de recursos para continuar a pesquisa”.

A previsão é a de que os testes clínicos durem mais dois anos e que o processo de transposição da vacina do laboratório para a indústria leve mais três anos. “É um processo complexo, e ainda temos de nos preocupar a que preço a vacina chegará aos produtores, que são os principais interessados”, fala a pesquisadora.

Preste atenção:

1. Cauterização
Extirpar as verrugas resolve o aspecto do animal, mas não elimina o vírus.
2. Auto-vacina
Feita à base da própria verruga macerada, não tem eficácia se o animal estiver infectado por mais de um tipo do papilomavírus, o que é bastante comum.
3. Fio de cobre
Colocado no animal como se fosse um brinco, pode causar inflamação e favorecer doenças oportunistas.

Fonte: Estadão (acessado em 09/06/10)

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