O sofrimento dos bovinos de corte em manejos de castração pode estar chegando ao fim. Uma vacina de castração imunológica que está chegando ao mercado promete favorecer o controle de comportamento do gado e proporcionar melhoria da qualidade da carne, além de garantir o bem-estar animal.
O produto foi aprovado pelo Ministério da Agricultura (Mapa) em dezembro de 2010, após estudos realizados em fazendas de gado de corte no País. Segundo a médica veterinária e gerente de produtos da empresa que desenvolveu a vacina, Fernanda Hoe, o produto é uma resposta contra as complicações frequentes no rebanho em decorrência dos métodos físico e químico de castração do gado.
Estudo publicado recentemente aponta os impactos negativos que a castração tradicional pode trazer aos pecuaristas. Entre as complicações pós-cirúrgicas, observou-se miíase ou bicheira, abcessos, funiculite (inflamação do cordão espermático), hemorragia, perda do peso do animal nos primeiros 28 dias após o procedimento e até morte, com taxa de mortalidade média de 0,4%.
Como alternativa a esses impactos negativos, foi desenvolvida a vacina de castração imunológica, formada a partir de planta encontrada na Austrália. O produto estimula o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos específicos contra o fator liberador de gonadotrofinas (GnRF). Dessa forma, a produção de testosterona, no macho, e de progesterona, na fêmea, fica também inibida temporariamente. “A vacina não tem qualquer atividade hormonal ou química e não deixa resíduos no organismo do gado”, aponta Fernanda.
Protocolo de aplicação
Assegurar o bem-estar animal dos bovinos está entre as grandes vantagens da vacina. “O Reino Unido, por exemplo, já baniu de suas propriedades rurais práticas veterinárias sem anestésico”, afirma Fernanda.
A vacina de castração imunológica atende a essa demanda. O protocolo de aplicação indica duas doses injetáveis (dose e reforço) na tábua do pescoço e pode ser associado a outros manejos de rotina.
“A primeira dose atua sensibilizando o sistema imunológico do bovino, para que ele comece a produzir o efeito desejado após a segunda dose”, explica a veterinária.
Com a aplicação das duas doses injetáveis de 1ml cada, o animal fica castrado temporariamente, de três a cinco meses. O intervalo entre as duas aplicações pode variar de quatro a 12 semanas, dependendo do tempo de efeito desejado. Para garantir maior precisão e segurança na aplicação da vacina, a empresa desenvolveu um aplicador exclusivo e oferece treinamento específico para a administração do produto.
Com a inibição da testosterona temporariamente, a vacina produz os efeitos benéficos da castração, tais como cobertura de gordura mais espessa, quarto traseiro desenvolvido, comportamentos agressivo e sexual reduzidos e preservação de pastos e instalações.
Fonte: Diário do Nordeste (acessado em 02/05/2011)