Vacinação de bovinos: confira 6 dicas para evitar os abscessos

A recente suspensão dos EUA à carne in natura brasileira com suspeitas de abscessos provocados por reação à vacinação contra febre aftosa reascendeu a discussão sobre a importância do manejo na fazenda no momento da vacinação. De acordo com o Ministério da Agricultura, as lesões são causadas por práticas inadequadas e contaminação microbiológica no local da aplicação.

“Estima-se que em média se perca no Brasil cerca de 500 gramas de carne por animal abatido devido a aplicações em locais impróprios que podem causar fibrose e até abscessos em cortes nobres, como picanha, alcatra, contrafilé, entre outros”, afirma o médico veterinário Renato dos Santos, responsável pela Área de Manejo Racional da Beckhauser, especialista em vacinação.

Cuidados com a conservação da vacina, realizar o manejo com calma e com os animais contidos individualmente estão entre os fatores que podem contribuir para diminuir a chance de reação dos animais, com consequentes perdas no frigorífico e risco do mercado não aceitar o produto. Confira algumas dicas para diminuir a ocorrência de abscessos nos animais:

1- Conservação da vacina

Segundo Santos, uma das preocupações que é preciso ter é com a conservação da vacina. Elas devem ser conservadas no gelo, na temperatura de 2º a 8º C, desde sua aquisição até o momento da aplicação, para que preserve sua qualidade e produza os efeitos protetores desejáveis.

“A conservação de vacinas em fazendas usando a geladeira é de alto risco porque o fornecimento de energia é bastante deficiente e instável. Muita gente, porém, tem dificuldade em usar corretamente a caixa térmica. É preciso se lembrar de retirar a água que forma no interior da caixa térmica constantemente, pois essa água contaminada pode entrar na agulha e ser aplicada no animal. O ideal é utilizar gelo seco, que é distribuído gratuitamente nas lojas de produtos agropecuários”, orienta Renato.

2- Retirada de ar da seringa

Outro aspecto crítico, segundo o veterinário, é retirar o ar da seringa, que é a maior causa de erros de dosagem e refluxo. “Os aplicadores costumam ter muita dificuldade com o ar misturado na vacina e injetar ar no animal gera lesão. Além disso, deve-se observar com frequência se a dose está dentro do estabelecido pelo fabricante da vacina”, diz.

3- Vacinação não é sinônimo de estresse

Evitar que a vacinação seja sinônimo de estresse também ajuda a diminuir a chance de reações. O estresse pode provocar aumento de até dois terços na produção de hormônios, como o cortisol, consequências fisiológicas que fazem com que o animal tenha menor probabilidade de reagir imunologicamente à vacina.

4- Sem correrias ou gritos

“Por isso, o manejo deve ser feito com calma e sem agressões para que seja possível aproximar-se dos 100% de eficiência na imunização; do contrário, provavelmente a fazenda estará jogando boa parte da vacina fora. A condução dos animais até o curral deve sempre ser realizada com calma, sem correrias ou gritos. Uma dica é usar sempre um vaqueiro diante da tropa (ponteiro) e não utilizar objetos pontiagudos para conduzir o gado, muito menos choque”, diz o veterinário.

5- Contenha os animais individualmente

Conter individualmente os animais ao invés de vaciná-los no brete coletivo também ajuda a diminuir os riscos de abcessos. Soltos no corredor, há ainda o risco de quebra da agulha, perda de equipamentos e de doses, sangramento e refluxo da vacina por causa dos movimentos constantes dos animais. Tudo isso influencia nos gastos finais com a vacinação e nas perdas no frigorífico por lesões vacinais causadas por aplicações incorretas.

Ao contrário do que se imagina, a vacinação em contenção individual leva o mesmo tempo que a vacinação em brete coletivo, mas traz muito mais benefícios ao produtor. A conclusão é do ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal).

6- Menos tempo não significa maior eficiência

Segundo o estudo feito pelo Grupo, o tempo médio gasto para vacinação na contenção individual é menor que o gasto no brete (9,3 segundos contra 10,2 segundos por animal). No brete, as interrupções para socorrer acidentes, como levantar animais que caíram, acabam prolongando o tempo de trabalho.

“Se a fazenda fizer o teste dividindo um lote em dois – no mesmo curral, com a mesma equipe – e marcar o tempo desde a entrada do primeiro animal até a saída do último, vai ver que o tempo é o mesmo, isso se não cair nenhum animal no brete coletivo que dê trabalho para levantar. Mas a qualidade do trabalho, o rendimento do manejo, a tranquilidade da equipe e dos animais e a segurança é muito maior na vacinação racional, com os animais contidos um a um no equipamento de contenção”, afirma o veterinário.

Fonte:SF Agro.

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