Com a chegada do verão, período de dias mais longos, férias e atividades ao ar livre, aumentam também os riscos de desidratação e queimaduras solares. E o alerta não vale apenas para os humanos: os animais de estimação também sofrem com as altas temperaturas. Por isso, além de reforçar o uso do protetor solar e manter-se hidratado, é essencial adotar cuidados específicos com os pets para garantir que todos atravessem a estação mais quente do ano com segurança.
Ao contrário dos seres humanos, os pets não suam o suficiente para regular a temperatura corporal. Nos cães, a principal forma de troca térmica é a arfação (respiração ofegante), que ajuda a resfriar o corpo por meio da evaporação da umidade nas vias aéreas. Esse processo é complementado pela dilatação dos vasos sanguíneos. Já os gatos, além da vasodilatação, tendem a diminuir o ritmo de atividades e a se lamber mais, pois a evaporação da saliva contribui para dissipar o calor. Por isso, sobretudo no caso dos cães, é fundamental evitar que permaneçam em ambientes muito quentes.
“Uma das formas mais graves de insolação em pets é a intermação. Ela ocorre quando a temperatura corporal ultrapassa 39,3°C e se mantém elevada, levando a disfunções orgânicas como diarreia, vômitos, alterações de coagulação e até convulsões. O quadro começa com a perda da capacidade de regulação térmica, geralmente provocada pela exposição prolongada a locais quentes ou pela prática de exercícios em dias com altas temperaturas ou secos”, alerta a presidente da Comissão Técnica de Animais de Companhia do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Sibele Konno.
A médica-veterinária também destaca outro problema comum nesta época do ano: a desidratação. “Animais desidratados podem ficar mais sonolentos, apáticos e, nos casos mais graves, podem até convulsionar. Mantê-los com uma fonte de água fresca sempre disponível é essencial para evitar esse mal”, reforça.
Cuidados essenciais para dias quentes
Apesar de os riscos serem sérios, a prevenção é simples e exige apenas atenção aos cuidados básicos. Garantir acesso à água fresca e a locais protegidos do sol é essencial, como explica o médico-veterinário, professor e integrante da Comissão Técnica de Animais de Companhia do CRMV-SP, Paulo Roberto Martin.
“Certifique-se de que o seu animal tenha acesso a áreas arejadas e sombreadas nos ambientes externos e evite a exposição ao sol forte. Em ambientes internos, verifique se o local é bem ventilado: use ventilador (com cuidado para evitar acidentes) ou ar-condicionado, e mantenha uma temperatura confortável. Ofereça água fresca e limpa à vontade. Tigelas de barro ajudam a manter a água mais fria e, se necessário, é possível adicionar cubos de gelo para conservar a temperatura por mais tempo”, orienta.
Outro cuidado recomendado, especialmente para cães, é ajustar os horários dos passeios e da alimentação para os períodos mais frescos do dia. “Evite passeios entre 10h e 16h, quando o sol está mais intenso. Prefira as primeiras horas da manhã, o final da tarde ou a noite para caminhar. Também ofereça alimentação quando a temperatura estiver mais amena e tenha atenção com alimentos úmidos, que podem fermentar”, acrescenta Martin.
A orientação quanto aos horários vale, especialmente, para quem mora ou pretende passar as férias na praia, reforça Sibele Konno. “No litoral, mantenha o pet sempre na sombra, embaixo do guarda-sol e em um local ventilado e fresco. Evite levá-lo nos períodos mais quentes do dia, entre 10h e 15h”, aconselha.
Filtro solar
Embora tenham a pele coberta por pelos, animais de pele clara, despigmentados ou com regiões pouco pilosas precisam de proteção solar específica, ressalta Paulo Martin.
“O filtro solar para cães e gatos é formulado para atender às características da pele dos animais. Além de oferecer proteção eficaz, deve ser atóxico, já que eles podem lamber o produto. Há diversas marcas disponíveis no mercado”, explica o médico-veterinário.
A presidente da Comissão Técnica de Animais de Companhia do CRMV-SP, Sibele Konno, recomenda que, nos dias mais quentes, os responsáveis aumentem a frequência também de escovação. O momento, além de favorecer o bem-estar, permite verificar possíveis alterações na pele, especialmente nos coxins, orelhas e focinho, já que os pets também podem sofrer queimaduras solares e até desenvolver câncer de pele.
“A escovação deve ser diária, sobretudo em animais de pelos longos. Mesmo para gatos e cães de pelos curtos pode ser um momento de prazer e conexão entre o responsável e o pet. Sempre reserve um tempo para observar os pelos e a pele deles”, reforça Sibele.
Prevenção: o básico que funciona
Além dos cuidados com os horários de passeio e com a hidratação, o calor também favorece a proliferação de parasitas como pulgas e carrapatos, tornando ainda mais importante manter a proteção antiparasitária em dia, assim como a vacinação, especialmente contra a raiva.
“Nos centros urbanos, a probabilidade de contato com morcegos é menor do que em áreas abertas e com vegetação exuberante”, observa Sibele Konno. Ainda assim, ela reforça que a prevenção não deve ser negligenciada.
Sibele reforça que a proteção contra pulgas, carrapatos e verme do coração deve ser contínua, não apenas antes das férias. “A prevenção precisa ser periódica, porque carrapatos, pulgas e mosquitos não têm época certa para agir. Estar prevenido é sempre a melhor opção”, enfatiza.
Filhotes, idosos e animais com doenças pré-existentes exigem atenção redobrada, lembra Paulo Martin. “Responsáveis de animais idosos, com sobrepeso, problemas cardíacos, respiratórios ou de focinho curto devem ter cuidado especial nos dias quentes, pois esses animais são mais suscetíveis à hipertermia”, alerta o médico-veterinário.
