Trabalhar na Europa, na profissão escolhida, recebendo o reconhecimento e a remuneração justa por isso é o sonho de muitas pessoas. Mas não é uma meta fácil de ser alcançada. No Reino Unido, por exemplo, os diplomas brasileiros de Medicina Veterinária não são reconhecidos e a atuação dos profissionais formados aqui só é permitida após a aprovação no rigoroso exame do Royal College of Veterinary Surgeons (RCVS).
Aos 33 anos, Khadije Hette, médica veterinária formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, em 2003, acaba de alcançar esse feito. Depois de muito esforço, dedicação e doze meses de estudo intenso ela superou a barreira do RCVS e está habilitada a trabalhar na sua profissão no país em que escolheu viver. Além da graduação, Khadije fez residência em Cirurgia de Pequenos Animais, em 2005 e 2006, na FMVZ. Na sequencia, iniciou o mestrado na mesma área, defendido em 2008. Desde a graduação, sempre foi orientada pela professora Sheila Canevese Rahal.
Segundo a brasileira, exercer a profissão de médico veterinário no Reino Unido pressupõe obedecer a regras muito rígidas. “Aqui, não existe o tal do ‘jeitinho brasileiro’. Fez coisa errada, não tem ‘I’m sorry’ que salve… Vai pra justiça ou é expulso do RCVS, com perda do registro. Os clientes também são extremamente exigentes e, por isso, é fundamental que o profissional veterinário esteja informado sobre os novos tratamentos e condutas.”
Outra diferença apontada por Khadije é que animais em tratamento contínuo (cardiopatas, hipertireoides) devem ser checados pelo veterinário, no máximo, a cada seis meses, caso contrário não podem comprar os medicamentos. Além disso, o tratamento veterinário não é barato. “Uma cirurgia para ruptura de ligamento cruzado, por exemplo, custa, em média, 4 mil libras, o que equivale a mais de 12 mil reais. Felizmente, muitos proprietários pagam seguro para seus pets como se fosse um plano de saúde.
Além de trabalhar no Reino Unido, ela também participou de campanhas de castração em massa em Tenerife (Espanha) e Sardenha (Itália) e notou que animais de rua ainda representam um grande problema, mesmo em países desenvolvidos. Mas ela lembra que existem varias organizações não governamentais que se emprenham em ajudar a diminuir o problema. “Uma delas é o WVS (Wordwide Veterinary Service), que apoia pequenas entidades beneficentes ao redor do mundo, contribuindo com medicamentos, equipamentos, materiais cirúrgicos e voluntários dispostos a fazer a diferença”, afirma.
Mesmo com tantas experiências interessantes, Khadije não esquece os bons tempos de FMVZ. “A época de faculdade é uma das melhores das nossas vidas. Aproveitei bastante. Sempre mantive um bom relacionamento com meus colegas, professores e funcionários e ainda mantenho contato com várias pessoas. Minha época como residente da cirurgia de pequenos também foi ótima. Aprendi muito com meus professores e foi isso que me incentivou a ir mais longe, expandir meus horizontes”.
Khadije Hette está feliz e cheia de planos para o futuro. “Agora, é trabalhar, ganhar um salário decente e, quem sabe, fazer um curso de especialização em Ortopedia no futuro. Ah… também quero conhecer o Havaí…”. Alguém duvida que ela consiga?
Fonte: Assessoria de Imprensa da Unesp.