Os veterinários brasileiros enfrentam dificuldades para comprar e até transportar medicamentos importantes no tratamento de animais. São substâncias controladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) porque podem causar dependência em seres humanos.
O veterinário Amaury Figueiredo atende animais de médio e grande porte em fazendas de Brasília e Goiás. A maleta de trabalho do veterinário precisa estar preparada para qualquer emergência. Mas, desde o começo do ano, os analgésicos e sedativos estão cada vez mais escassos.
“Se a polícia nos pegar excedendo a quantidade especificada por lei, podemos ser presos por tráfico de entorpecentes. Já pensou você fazendo o exercício legal da profissão e ser preso por isso? É incoerente, não é?”, diz ele.
A lei já tem mais de dez anos e prevê que entorpecentes e outras substâncias, como a morfina, que podem causar dependência física e psíquica, tenham a venda restrita somente a hospitais e farmácias. Desde que a Anvisa instalou um sistema eletrônico que controla o trânsito dos medicamentos registrados para uso humano, os veterinários que também utilizam os produtos no tratamento de animais não conseguem comprar em grande quantidade.
“Hoje, pela legislação da Anvisa, a quantidade máxima desses medicamentos que pode ser carregada na maleta médica são três ampolas. Essa quantia é irrisória para que o veterinário faça um procedimento adequado”, explica a representante do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Silvana Górniak.
A Anvisa reconhece o problema. Por meio da assessoria de imprensa, informou que está revendo a portaria que regula a compra e venda de medicamentos controlados. Mas ainda não há data para as novas regras entrarem em vigor.
O CFMV defende que os profissionais autônomos cadastrados pela entidade tenham autorização para comprar os produtos direto das distribuidoras e que o volume de medicamentos transportados para os atendimentos seja dobrado. Além disso, o Conselho pede que o Brasil libere a importação de Entrofina, único anestésico capaz de aliviar a dor de grandes animais.
Fonte: Canal Rural (acessado em 10/08/10)